As entidades estudantis receberam com revolta o anúncio da medida provisória (MP) do Ministério da Educação (MEC) que cria uma carteirinha estudantil digital, assinada na tarde desta sexta-feira (6) pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. A ID Estudantil valerá para alunos de qualquer modalidade de ensino básico ou superior e será emitida sem custos para os estudantes. Hoje, uma lei de 2013 prevê que a carteirinha seja emitida por entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES).
No Rio Grande do Sul, a União Gaúcha dos Estudantes (UGES) é a responsável pela confecção anual de 25 mil carteiras, ao custo de R$ 30, cada. Segundo a diretora da UGES e presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre (UMESPA), Vitória Cabreira, a MP é um ataque às entidades responsáveis pela elaboração da carteira física, pois o serviço é uma das principais fontes de recursos.
— O único intuito do governo Bolsonaro é fazer com que as instituições não tenham mais caixa para organizarem as mobilizações em oposição ao governo — aponta Vitória.
Ela destaca que as entidades estudantis deverão se reunir para definirem os próximos passos com relação à MP.
O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Pedro Gorki, também acredita que a medida provisória é um ataque de Bolsonaro às instituições responsáveis pelas mais recentes mobilizações contra o governo.
— Enxergamos como retaliação aos estudantes. Mas nenhum ataque nos fará baixar a guarda no que toca a defender o Brasil. Já passamos por muitos ataques em governos anteriores, como no período da Ditadura. Enquanto houver um estudante acreditando na luta pela educação, as instituições representantes vão seguir de pé — afirma Gorki.
Conforme o presidente da UBES, a partir do anúncio da MP, a entidade deverá se reunir para analisar com mais profundidade a decisão do Ministério da Educação (MEC). Ele admite que a UBES poderá acionar juridicamente o governo.
A reportagem de GaúchaZH também tentou ouvir a União Nacional dos Estudantes (UNE), mas a entidade informou que deverá se manifestar depois de analisar a MP anunciada pelo governo.