Para tentar estancar a crise no Ministério da Educação (MEC), a ala militar do governo Jair Bolsonaro quer definir a nomeação do cargo número 2 na pasta. A aposta dos militares é o ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB) Ivan Camargo.
A indicação seria uma forma de garantir não apenas o apoio momentâneo dos militares à permanência do ministro Ricardo Vélez Rodríguez mas também configuraria uma espécie de intervenção branca na pasta.
Vélez precisou demitir o secretário-executivo Luiz Antonio Tozi após mudanças de cargos no ministério atingir alunos do escritor Olavo de Carvalho. O episódio expôs uma disputa entre o grupo de militares, olavistas e técnicos oriundos do Centro Paula Souza de São Paulo que atuam no MEC.
Outros dois nomes indicados por Vélez, Rubens Barreto e Ioelene Lima, foram barrados por pressão do mesmo grupo. A secretaria-executiva é considerada o motor do MEC, por onde passam todas as decisões importantes.
Camargo é próximo a militares da cúpula do governo. Engenheiro elétrico, foi reitor da UnB entre 2012 e 2016. Entre outras funções, comandou a superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Desde a transição de governo os militares mantêm influência no MEC. Os presidentes do FNDE, Carlos Alberto Decotelli, e do Inep, Marcus Vinicius Rodrigues, são do grupo. O presidente da Capes, Anderson Ribeiro, foi reitor do ITA, instituição de ensino ligada às Forças Armadas.
Além disso, o general Osvaldo de Jesus Ferreira é presidente da Empresa Brasileia de Serviços Hospitalares, órgão também ligado ao MEC.