A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) é o destaque do Estado em uma lista de melhores universidades dos países emergentes divulgada nesta terça-feira (15) pela revista britânica Times Higher Education (THE), referência mundial em avaliar a reputação acadêmica. A instituição ocupa o quinto lugar entre as melhores brasileiras — atrás de USP, Unicamp, PUC-Rio e Unifesp —, mas teve um aumento expressivo em relação à posição que ocupou em 2018: passou da faixa entre os lugares 201 a 250 para a 119ª colocação.
A revista explica que a UFRGS teve "melhorias em todos os aspectos, mas em particular para a renda da indústria (transferência de conhecimento) este ano". O ranking leva em conta 13 indicadores para classificar as universidades, agrupados em cinco áreas:
- Ensino (o ambiente de aprendizagem)
- Pesquisa (volume, rendimento e reputação)
- Citações (influência de pesquisa)
- Perspectiva internacional (equipe, estudantes e pesquisadores)
- Rendimento da indústria (transferência de conhecimento).
Segundo o reitor da universidade, Rui Oppermann, a melhora expressiva no ranking deu-se por uma razão técnica: a sincronização da base de dados da universidade com o sistema do avaliador. Ele acredita que a medida que a universidade puder informar melhor os dados, a tendência é de que haja uma nova melhora na colocação.
— Até o ano passado, a gente sempre foi muito mal avaliado porque não conseguíamos compatibilizar os nossos dados com o da THE. Esse pulou se deu muito mais porque agora eles tem acesso ao que a gente é — avalia.
O reitor destaca que projetos de pesquisa, convênios para o desenvolvimento de instituições pública e privadas, desenvolvimento de tecnologias para serviços e o parque tecnológico da UFRGS contribuíram para a universidade melhorasse a relação com a comunidade. Essas interações, acredita, também servem para mostrar a relevância das instituições federais para a sociedade.
— A mensagem maior para nós é que, no momento em que as universidades públicas federais estão sendo criticadas por não ter iniciativas, por não produzir inovação e tecnologia, a UFRGS está despontando nesse ranking. As universidades federais são importantes mecanismos de referência para a sociedade — diz.
Além da UFRGS, aparecem na lista a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). UFRGS e UFPel melhoraram suas colocações em relação a 2018, enquanto PUCRS e UFSM amargaram quedas. A Unisinos manteve-se na mesma faixa.
Assim como a UFRGS, a UFPel também melhorou consideravelmente sua posição no ranking, saindo da faixa de 301-350 no ano passado para a de 201-250 neste ano. A partir da colocação de número 200, é difícil precisar a posição das universidades, já que a colocação exata não é informada e a divulgação ocorre por faixas.
Quando você investe em um sistema de Ensino Superior forte, está investindo na prosperidade futura de toda a nação."
ELLIE BOTHWELL
editora global de rankings da THE
O Brasil é o terceiro país mais representado na tabela, com 36 instituições incluídas — subindo de 32 no ano passado. No entanto, 17 destas decaíram este ano, incluindo suas duas principais universidades. A editora global de rankings da THE, Ellie Bothwell, afirmou que, como em muitos países da América Latina, o setor de Ensino Superior do Brasil está sofrendo os sérios efeitos colaterais dos contínuos cortes de financiamento.
— Enquanto isso, outras economias emergentes estão avançando em um ritmo mais acelerado, à medida que cada vez mais as vemos posicionando as instituições no centro de suas estratégias nacionais de crescimento econômico. O sucesso da Educação Superior depende de investimentos sólidos e sustentados e de um forte foco internacional, ambas as áreas em que o Brasil está ficando para trás. Sem investimentos ambiciosos, as universidades brasileiras lutarão, não apenas para competir em escala global, mas simplesmente para desenvolver e realizar seus potenciais individuais.
Ainda sobre a situação da educação brasileira, Ellie completou:
— Quando você investe em um sistema de Ensino Superior forte, está investindo na prosperidade futura de toda a nação.
O levantamento, que analisou 450 instituições de 43 países em quatro continentes, é liderado pela China, que tem sete universidades entre as 10 primeiras colocadas — mesmo feito do ano passado. A melhor entre as brasileiras é a USP, que caiu uma posição em relação a 2018, agora ocupando o 15º lugar. Além da China, destacam-se entre as melhores universidades da Rússia, África do Sul e Taiwan. Até 2017, o ranking envolvia apenas os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), mas foi rebatizado no ano passado para avaliar as instituições das nações "emergentes".
As 10 melhores universidades brasileiras
- Universidade de São Paulo (USP): 15º lugar
- Universidade de Campinas (Unicamp): 40º lugar
- Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio): 73º lugar
- Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): 97º lugar
- Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS): 119º lugar
- Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG): 127º lugar
- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): 141º lugar
- Universidade Estadual Paulista (Unesp): 166º lugar
- Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC): 182º lugar
- Universidade de Brasília (UnB): 201-250º lugar
As gaúchas no ranking
- UFRGS: 119ª (201-250 em 2018)
- UFPel: 201-250 (301-350 em 2018)
- PUCRS: 201-250 (191ª em 2018)
- Unisinos: 301-350 (mesma faixa de 2018)
- UFSM: 351+ (301-350 em 2018)
Top 10 global
- Tsinghua University (China)
- Peking University (China)
- Zhejiang University (China)
- University of Science and Technology of China (China)
- Lomonosov Moscow State University (Rússia)
- Fudan University (China)
- Nanjing University (China)
- Shanghai Jiao Tong University (China)
- University of Cape Town (África do Sul)
- National Taiwan University (Taiwan)