O primeiro veleiro construído exclusivamente para expedições científicas no Brasil foi lançado nesta quarta-feira (17), em Florianópolis (SC). A embarcação batizada de Eco é o resultado de um trabalho de seis anos, de alunos, professores e pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O barco será usado para pesquisas científicas na área de oceanografia. A UFSC possui um curso de engenharia nesse setor. O objetivo da embarcação é coletar dados que ajudem a expandir os conhecimentos sobre a vida marinha brasileira.
Segundo o idealizador do projeto, professor Orestes Alarcon, o barco deverá fazer algumas viagens de teste na costa catarinense nos próximos meses, até iniciar a primeira missão, no início de 2019. Além da UFSC, outras instituições de ensino nacionais e internacionais podem participar dos projetos de pesquisa promovidos com o veleiro.
— A primeira expedição vai ser em fevereiro, nas Ilhas de São Pedro e São Paulo e Ilha da Trindade. São os dois pontos mais distantes da costa brasileira. Precisamos saber omo eles estão sendo afetados pela poluição, como está a comunidade viva ao redor desse arquipélago, mas também tem a ver com uma estratégia de defesa da soberania nacional — diz Alarcon.
De acordo com ele, a presença de pesquisadores brasileiros nessas duas áreas é importante para que o Brasil cumpra compromissos internacionais que assumiu ao solicitar a posse dessas ilhas. Além disso, ele ressalta que as expedições científicas realizadas com o veleiro tendem a ser mais baratas em relação a outras embarcações.
Sobre o barco
O veleiro tem 60 pés de comprimento, o que equivale a 20 metros, e outros 5,3 metros de largura. O casco foi construído em alumínio, com equipamentos que permitem a navegação em diversas áreas, como mangues, zonas de águas rasas e também em águas profundas.
O barco pode levar até oito pesquisadores para expedições longas, além de dois tripulantes. Para missões curtas, sem pernoite, até 20 pessoas podem ser levadas.
Além de equipamentos para a coleta de material da água, o barco possui laboratórios que podem ser usados para análises preliminares dos itens que forem retirados do mar. Até agora, o investimento para a construção do barco já chegou a US$ 2 milhões.
Expedições em Santa Catarina
Além das ilhas distantes, o barco deverá ser usado para pesquisas dentro de Santa Catarina. No evento de lançamento do veleiro, o presidente do Instituto do Meio Ambiente (IMA) do Estado, André Adriano Dick, anunciou uma parceria, para que os pesquisadores avaliem as condições da Baía da Babitonga, na região de Joinville.
— Entendemos que a sustentabilidade deve ser verificada, porque é uma área de expansão do Estado — afirmou Dick
Alarcon lembra que as expedições científicas com o veleiro tendem a ser mais baratas do que as realizadas com outras embarcações. De acordo com ele, a autonomia das viagens pode chegar a até 4 mil milhas náuticas, o que dá cerca de 7,4 mil quilômetros.