Falar sobre sucesso e vitórias tem seu sabor, mas, apesar dos esforços, dos planos, da luta, nem sempre a vida nos dá os resultados que esperávamos e trabalhamos tanto para alcançar. Nestes momentos, de onde vem o peso que nos esmaga os ombros? De onde vem a necessidade de parecermos melhores, de vestir a armadura do ego, para nos defendermos das ameaças, muitas vezes criadas por nossa própria mente acuada em incertezas?
O tropeço pode ser grande, daqueles de torcer o pé e mancar pelo resto da semana, mas a gente sobrevive. Contudo, têm aqueles tropeços gigantes, de cair da escada, de engessar o braço e fraturar a tíbia. Perder um cliente pode ser fácil de contornar, já ter aquela sonhada promoção engavetada não é tão simples assim. Mesmo as pequenas coisas podem ter um grande impacto quando acumuladas. Parece que não nos afetam, quando, na verdade, só desviamos do impacto e jogamos para o reservatório da apatia.
Tem vezes em que a ferida não se cura sozinha. Se deixar, só piora com o tempo, a ponto de nos impedir de levantar. Afinal, nos dias de hoje, isso não é uma competência desejável, e sim necessidade vital para preservação da sanidade. Por isso, é tão importante cultivar nossa rede de apoio, com nossos amigos e familiares. Tem dias que precisamos da Joana Muleta para não desequilibrar ou do Marcos Bota Ortopédica para voltar a pisar no chão. E como isso faz diferença.
Os pequenos problemas que nos alcançam a todo instante são como grãos em uma tempestade de areia. Podemos usá-los tanto para polir nossa imagem quanto para torná-la opaca, sem brilho. Se não estivermos conscientes, essa areia também pode nos cegar, nos levando desavisadamente à beira do precipício, onde o tombo é feio. É preciso ver além do turbilhão da rotina para ter motivos claros para seguir num caminho ou noutro. De nada adianta persistir e insistir em coisas que não têm propósito.
A motivação que nos faz vibrar por dentro, a ponto de transparecer em forma de energia e atitudes, sustenta-se em diferentes pilares dentro de cada pessoa. Além disso, os motivos mudam através do tempo. No entanto, seguimos pensando que somos somente uma pessoa ao longo da vida e esperamos o mesmo dos outros. A única ressalva é quando queremos que o outro mude naquilo que nos incomoda. Assim, não é difícil ver gente que se perde de si pelo caminho e tenta se achar olhando para trás enquanto seu eu segue como um espantalho, sem alma, anos à frente.
A rapidez com que você muda de estado se torna algo essencial para superar as dificuldades do dia a dia. No entanto, isso acaba nos tornando pessoas comuns, sem sal, desumanizadas. Se não nos atemos, sentimos, percebemos e agirmos, não somos tão diferentes de um tronco de árvore seca, que, faça chuva ou faça sol, ninguém nota sua presença. Precisamos nos reconectar com nós mesmos a todo instante, parar para olhar ao redor e perceber o que faz sentido e o que não faz, o que nos faz bem e o que nos limita.