Após sofrer uma série de críticas de especialistas e 2 mil novas contribuições, o Ministério da Educação (MEC) lançou na terça-feira, a segunda versão da Base Nacional Comum Curricular, atendendo às críticas em várias áreas, como História e Língua Portuguesa, e dando um novo perfil aos Ensinos Infantil e Médio. O texto agora segue para discussão e a previsão é de que até 24 de junho a versão definitiva esteja pronta.
Se o cronograma for seguido à risca, a versão final poderá começar a ser adotada no próximo ano. Mas, no primeiro momento, apenas pontos específicos seriam colocados em prática, com mudanças pedagógicas pontuais. O conteúdo do documento deverá estar totalmente presente nos currículos das escolas somente em 2018.
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Prevista no Plano Nacional de Educação, a Base Nacional Comum Curricular tem como meta preparar conteúdos mínimos para serem ministrados a alunos de todo o país e, com isso, reduzir as desigualdades de ensino. O plano foi preparado por um grupo de 116 integrantes, de secretarias municipais e estaduais e de 38 universidades.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, avalia que a nova versão é muito mais avançada do que o texto inicial, apresentado há oito meses. Ele destacou as mudanças na educação infantil.
– Uma das críticas, bastante pertinente, defendia a necessidade de integrar melhor a educação infantil e alfabetização – disse o ministro.
Na nova proposta, a educação infantil é separada em três faixas etárias (0 a 18 meses, 18 meses a 4 anos, e de 4 a 6 anos), alteração também feita depois das críticas durante o período de consulta pública.
Ele citou ainda mudanças no Ensino Médio. Pela proposta, dois terços do currículo serão constituídos por determinações da Base Nacional. O terço restante será preenchido por quatro áreas temáticas, compostas por 13 eixos tecnológicos, com maior ênfase ao Ensino Profissional. O ministro observou que oito em cada dez estudantes que concluem o Ensino Médio vão para o mercado de trabalho. Só dois ingressam em universidades.
– Daí a proposta que traz maior flexibilidade.
A nova versão segue agora para debates em redes estaduais e municipais de ensino.
O primeiro texto apresentava uma série de "omissões" em diversas disciplinas, segundo especialistas, que só agora foram revistas. As revoluções Industrial e Francesa, por exemplo, e a história das civilizações grega e egípcia não constavam no texto. Isso foi alterado.
– O currículo é pensado em unidades curriculares. Algo que dá mais liberdade para compor o conteúdo – disse Mercadante.O segundo avanço citado pelo ministro está na Língua Portuguesa, que na parte de Gramática foi alvo de queixas anteriores até de Mercadante.
– Críticas haviam sido feitas de que a Literatura Portuguesa não estava presente. Isso foi mudado.
Ele também elogiou a articulação entre leitura, oralidade, escrita e norma culta e a discussão sobre o que deve ser lido.
– Há uma integração maior entre gramática e aprendizagem. Há uma visão mais integrada.
O evento de lançamento da Base Curricular teve tom de despedida do ministro.
– Não deixe esse processo morrer – afirmou Mercadante ao presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Eduardo Deschamps.
– Não vai ter golpe na Base Comum Curricular. E se tentar, vai ter luta – disse.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.