Advogado, delegado, promotor e juiz. Essas são apenas quatro das inúmeras profissões cujas portas são abertas pelo curso de Direito, que tem atraído cada vez mais interessados. O caderno Educa ouviu professores, psicólogo e coordenador de curso preparatório para concursos para dar dicas aos estudantes que planejam entrar ou já estão na caminhada da área jurídica.
Leia mais
Saiba por que o Direito ainda é o queridinho dos pais e continua atraindo muitos estudantes
Coordenador do Serviço de Orientação Profissional da UFRGS, Marco Teixeira indica que os alunos de Ensino Médio não se deixem levar pelo estereótipo dos estudantes de Direito para escolher ou não o curso superior.
- Tem gente que diz que não quer fazer Direito porque não conseguiria falar em público, mas não é todo advogado que precisa fazer sustentações orais nos tribunais - exemplificou.
A dica do especialista é ter contato com o dia a dia da profissão antes de decidir, acompanhando a rotina de escritórios de advocacia ou órgãos públicos da área jurídica.
- Depois é preciso fazer uma autorreflexão: "Eu me vejo trabalhando aqui?" - completa.
O ideal é que a pessoa tenha afinidade com o trabalho.
Estude para a OAB
Dos 133.394 inscritos na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no ano passado, apenas 38.255 (28,6%) passaram. Para Coimbra, cabe à faculdade dar a base de conhecimentos necessária.
- Se o aluno se preparar e levar a sério a faculdade, estudando desde o primeiro semestre, não existe motivo para a prova da OAB ser um bicho de sete cabeças - afirma o professor.
No país, existem 1.186 faculdades de Direito ativas, 83 delas no Estado. Por isso, a escolha da instituição é muito importante. A própria OAB criou um selo de qualidade em ensino de Direito em 2001, chamado OAB Recomenda, baseado no desempenho dos alunos na prova da entidade e no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). A certificação é revisada periodicamente e, na última edição, contemplou 141 instituições.
- O selo não vai contra faculdades que não o recebem. É um estímulo para que todas possam um dia recebê-lo - disse o presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho.
Faça estágios desde o começo
Depois de entrar no Direito, a dica do presidente da Comissão de Ensino Jurídico da OAB-RS e professor da PUCRS e UFGRS, Igor Danilevicz é que os alunos façam estágio o mais cedo possível, passando por escritórios especializados e órgãos públicos.
O professor de Direito da UFRGS Rodrigo Coimbra ainda acrescenta que, para se diferenciar, os alunos devem participar de grupos de pesquisa, projetos de extensão, cursos e palestras.
- Todas essas atividades que as instituições oferecem são muito importantes para complementar a formação - afirma.
Profissão "fora da caixa"
Nem órgão público, nem escritório de advocacia. O primeiro emprego de Luana Pereira da Costa, formada no ano passado em Direito pela UFRGS, é em uma ONG feminista. Uma das poucas negras em sua turma (eram três entre 70), ela sofreu uma decepção ao ingressar na faculdade. Ex-estudante de escola pública, achou o curso elitista e se sentiu menos preparada diante dos colegas. Mesmo assim, não desistiu.
Estagiou desde o terceiro semestre em órgãos públicos e escritórios. Participou de atividades de extensão e pesquisa e criou, em parceria com outros alunos negros, o coletivo Dandara - Grupo de Empoderamento das Negras e dos Negros.
A dedicação rendeu frutos. Antes de estar com o diploma na mão, já havia unido o gosto pela luta negra e feminista ao primeiro emprego: uma vaga na Themis, ONG criada por advogadas e cientistas sociais para enfrentar a discriminação de mulheres na Justiça.
- A dinâmica de uma ONG é diferente de toda a minha experiência anterior. É pensar "fora da caixa", atuar com trabalhadoras domésticas e violência doméstica - relata.
"Espero que a faculdade me surpreenda positivamente"
Com afinidade pelo Direito desde o Ensino Fundamental e admiração pelo trabalho dos advogados da família, Catarina de Farias Paese, 19 anos, foi aprovada para o curso da UFRGS neste ano. Embora estivesse em dúvida também entre Letras e Psicologia, resolveu escolher a área jurídica pela ampla possibilidade de carreiras a seguir.
- É um curso que fica para a vida comunitária, para você exercer os seus direitos além da faculdade - relata.
Embora esteja ansiosa pelas disciplinas de penal, ainda não escolheu qual profissão seguir:
- Espero que a faculdade me surpreenda positivamente.