Esta semana, começam as despedidas das férias de verão para a maioria dos estudantes gaúchos. A partir de hoje, algumas instituições particulares já dão início às aulas, mas a maior parte dos alunos da rede privada deve começar o ano letivo mesmo na segunda-feira que vem. A rede estadual retoma as atividades na semana seguinte, em 29 de fevereiro.
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Para muitos alunos do Ensino Fundamental, a novidade será o 9º ano. Escolas privadas como o Colégio Concórdia terão, pela primeira vez, uma turma nesta etapa e aproveitam a reta final antes do início do ano letivo para finalizar os preparativos das aulas.
Ensinar o aluno a estudar pode ser mais produtivo à educação
Segundo o Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS), a maioria das escolas particulares começou a implantação no Ensino Fundamental de nove anos em 2008, portanto, muitas delas terão o 9º ano pela primeira vez em 2016. O Sinepe/RS, porém, não tem um levantamento sobre quantas escolas seriam. A data limite, como previsto na lei federal, seria de 2010 para a implementação.
Adiar o ano letivo não está descartado
Para 60 escolas públicas estaduais da Capital, os dias que antecedem a voltas às aulas viraram uma corrida contra o tempo para deixar tudo pronto para a chegada dos alunos. De acordo com levantamento da Secretaria Estadual de Educação, esse foi o número de instituições afetadas pelo temporal que assustou Porto Alegre no final de janeiro. Até a semana passada, não havia confirmação se as escolas mais prejudicadas teriam de adiar o começo das aulas. O secretário de Educação do Estado, Vieira da Cunha, por meio de assessoria, não descarta essa possibilidade, mas a decisão deve ser feita pela direção das escolas.
Preparação para o Ensino Médio
Os alunos do Ensino Médio do Colégio Concórdia terão novos colegas de andar no início deste ano letivo. No segundo piso, uma das salas de aula foi destinada à primeira turma de 9º ano da escola. O espaço antes seria ocupado pelos alunos do primeiro ano do Ensino Médio, mas em 2016, a escola não terá uma turma nesta etapa. A mudança de andar foi uma escolha para reaproveitar o espaço no colégio, mas não deixa de ser simbólico: um ano a mais no Ensino Fundamental tem o objetivo de preparar melhor os alunos para a fase seguinte.
- Não é só um momento de transição, mas um marco que encerra um ciclo. Esse tempo a mais no Ensino Fundamental possibilita que o aluno construa uma bagagem maior e adquira mais maturidade. Nossa proposta é que eles cheguem melhor preparados para o Ensino Médio - diz Katia Barreto Matte, coordenadora pedagógica da escola.
Professores diferentes para cada disciplina
Os 35 alunos da turma do 9º ano do Concórdia terão, pela primeira vez, aulas de física, química e biologia com professores específicos para cada disciplina. Treinar a escrita de redações e o contato com novas obras literárias também farão parte da rotina desses estudantes que voltam às aulas em 23 de fevereiro.
Professores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio lecionarão para a turma, que terá uma carga horária de adaptação: o número de períodos será maior do que nos anos anteriores e menor do que no Ensino Médio.
O plano de estudos passa pela fase final de elaboração, mas a reformulação do currículo de todos os anos do Ensino Fundamental começou há oito anos, quando a escola implementou o nono ano. O planejamento começou quando os alunos que, na próxima semana, vão iniciar uma nova etapa rumo ao ensino médio, recém tinham ingressado na educação básica.
- As escolas já vêm se preparando para o 9º ano, que não é uma oitava série antiga e nem um 1º ano de Ensino Médio recortado. O 9º ano tem novidades, no sentido de mesclar conteúdos que já foram vistos e inserir outros elementos mais novos - diz Naime Pigatto, assessora pedagógica do Sinepe/RS.
Esforço para começar o ano com tudo organizado
A diretora Marli Teresinha improvisou abrigo para os livros | Foto: Diego Vara
A duas semanas do início das aulas, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Imperatriz Leopoldina, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre, enfrenta mais trabalho do que o esperado para que tudo fique pronto a tempo para o retorno dos alunos. Os eventuais reparos e a limpeza do pátio e das salas de aula, feitos antes de cada ano letivo, tomaram proporções maiores. O forte temporal do fim de janeiro destelhou parte do prédio, alagou salas de aula, danificou classes
recém-adquiridas e estragou parte da pintura nas paredes, que no ano passado, havia sido retocada.
Na quinta-feira, funcionários de uma empresa terceirizada já iniciavam o trabalho de recuperação da estrutura afetada pela chuva e pelo vento forte que atingiram a cidade em 29 de janeiro.
Na entrada da escola, árvores ainda bloqueavam parte da pracinha de brinquedos e um dos acessos ao portão da frente pela calçada.
A diretora da instituição, Marli Teresinha Lapazini Peyrot, assumiu o cargo neste ano e já enfrenta o desafio de recuperar a escola. Ela estima que os gastos com consertos cheguem a R$ 20 mil, e aguarda a verba prometida pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc) para custear os reparos. Enquanto isso, ela utiliza repasses feitos pelo Ministério da Educação (MEC), destinados aos preparativos para o começo das aulas.
Uma semana depois do temporal, as direções das escolas estaduais haviam feito o levantamento sobre os estragos.
A Secretaria da Fazenda liberou R$ 2,2 milhões para aplicar nas reformas das instituições prejudicadas, conforme informações da Seduc. A transferência deve ser feita nesta semana.
- Nossa esperança é de que tudo fique pronto até o dia do início das aulas, essa é a expectativa, mas algumas coisas não serão feitas tão cedo, como um novo retoque na pintura e a reposição de itens perdidos da biblioteca - diz.
Biblioteca teve mais de cem obras danificadas
O tempo ensolarado que predominou na Capital na semana passada ajudou a secar alguns livros que foram encharcados com o destelhamento de parte da cobertura da biblioteca da Imperatriz Leopoldina, que tem cerca de 350 alunos. Dois dias depois do temporal, a diretora, com a ajuda do marido, conseguiu uma lona de plástico com a Defesa Civil para proteger três estantes recheadas de obras literárias e material didático.
A diretora ainda não contabilizou os estragos, porém, estima que foram mais de cem livros que foram danificados.
- O que der para salvar, vamos salvar. Mas algumas coisas foram muito prejudicadas, estão com mofo. Não posso dar esses livros para os alunos, é insalubre - relata, enquanto mostra o papel danificado pela água.
Um dos livros que serão inutilizados, por exemplo, é o clássico O Nome da Rosa, do escritor italiano Umberto Eco. Uma coleção de enciclopédias, com pouco tempo de uso, teve as páginas amassadas, mas poderá retornar às prateleiras até o início das aulas.