Na infância, a gente voltava das férias e sabia que nos aguardava a tarefa de contar em uma redação os dias ao lado da família e as aventuras longe da rotina da escola. Os primeiros recreios do retorno eram uma troca frenética de informações e "exibimentos". A gente contava com riqueza de detalhes as férias - as de fato e as imaginárias - e vivia a doçura de reencontrar a turma e a expectativa dos novos colegas. Ir e voltar ano a ano tinha o simbolismo do crescimento, da mudança de fase, de vencer uma etapa e se lançar noutra desconhecida.
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Hoje, nossos filhos desde muito cedo estão inseridos nesse contexto escolar nas creches em tempo integral e precisam, como nós precisávamos, de alguns dias de descanso para compreender esses avanços naturais e dar um tempo para as atividades do dia a dia. Não é porque estão numa creche, sem os compromissos e exigências do ensino regular, que não precisam dessa pausa. Muitos pais, mesmo estando também na época de descanso do trabalho, mantêm os filhos na creche pela conveniência de contarem com um serviço completo de cuidados, da alimentação à higiene das crianças.
Alguns se valem de uma justificativa de mercado - pagam mensalidades também em janeiro e fevereiro, têm direito ao serviço - para limar as férias do calendário dos pequenos. Mal sabem que perdem dias saborosos de convívio com os filhos e descobertas divertidas sobre o desenvolvimento social e cognitivo deles.
Outros pais abrem mão das férias da creche porque acreditam que esse período longe dos coleguinhas e das professoras pode significar problemas de readaptação no retorno. Psicopedagogos e educadores garantem que é exatamente o contrário. O tempo em família, as aventuras de fevereiro com os primos do Interior ou o aconchego da própria casa ou da casa dos avós rendem mais do que uma boa redação, ampliam a capacidade das crianças de se adaptarem a mudanças, reforçam laços familiares e temperam a memória afetiva de um capítulo fundamental da vida, a infância.
Parar para prosseguir.
