Cientistas americanos mapearam pela primeira vez os padrões criados pelos fluidos emitidos quando espirramos. Com imagens em câmera lenta, eles descobriram com precisão como o fluxo de saliva e catarro se espalham.
Segundo os pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, o fluxo é expelido em camadas, rajadas, bolsas e cordões que parecem feitos de contas.
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É importante entender este processo pois ele determina o tamanho final das gotículas, fator importante na forma com que o espirro espalha germes. O objetivo final da pesquisa é criar modelos e ajudar a controlar esta contaminação.
O trabalho foi liderado por Lydia Bourouiba, do MIT. Ela disse à BBC que vários estudos já tinham explorado as nuvens criadas por espirros, mas os resultados eram variáveis, pois o primeiro estágio do processo nunca foi bem compreendido.
- A parte que ainda é uma grande incógnita é: como estas gotas são formadas na verdade e qual é o tamanho da distribuição delas? O que eu queria fazer era ir contra a maré e olhar para a boca, para o que está saindo - disse a cientista.
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Quando a pesquisadora e equipe analisaram os vídeos, descobriram muito mais do que gotículas, de vários tamanhos e em vários estágios.
- Você vê gotículas, mas você também vê que os processos de separação continuam acontecendo do lado de fora da via respiratória. Mais surpreendente é que você vê um processo que vai de camadas como placas, a rajadas, cordões e então estes cordões se desestabilizam (e se transformam) em gotículas - disse.
Esta cascata de formas foi observada no fluxo de líquidos em algumas situações industriais, segundo Bourouiba, mas no contexto de um espirro, a descoberta foi surpreendente.
- Não estava claro de jeito nenhum que veríamos isto em um fluido fisiológico e em um processo fisiológico como um espirro - afirmou.
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Com este conhecimento em mãos, os cientistas estão mais preparados para criar um modelo da formação de gotículas de vários tamanhos e para determinar como é aquilo que Bourouiba chamou de "pegada de contaminação".
Para melhorar ainda mais o cálculo, a cientista e a equipe agora vão usar uma série de nove câmeras que captam imagens em alta velocidade para capturar os detalhes de um espirro em 3D.
- Para a análise 2D temos apenas duas câmeras, uma visão de lado e outra do alto. Então, quando fizemos aquelas análises percebemos que havia uma dinâmica muito rica, tridimensional, que realmente tínhamos que registrar - afirmou Bourouiba.
As descobertas da equipe do MIT foram apresentadas em uma conferência da Sociedade Americana de Física, Divisão de Dinâmica de Fluidos, em Boston, nos Estados Unidos. Nesta conferência Bourouiba deu pistas de como devem ser os próximos passos da pesquisa:
- O trabalho que discutimos hoje mostra as ferramentas que estamos desenvolvendo para capturar de forma tridimensional os espirros em toda sua glória.