Desde o início da semana, ZH mostra os trabalhos dos finalistas no Estado do 3º Prêmio RBS de Educação - Para Entender o Mundo. Na segunda-feira, apresentamos os classificados na categoria Jovens Protagonistas, composta por estudantes das redes pública e privada. Nesta terça-feira, os três educadores que seguem na disputa na categoria Escola Privada. Aqueles que concorrem na final da categoria Escola Pública, você conhece agora.
Quem são os finalistas do 3º Prêmio RBS de Educação no RS e em SC
Palavras sonoras
Música, leitura, oralidade e colaboração. Foi com esses quatro fatores em mente que o professor de música Francisco Paulo Rodrigues Mestre, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dr. Jairo Brum, de Guaporé, idealizou o projeto Audiolivro do Bem. Por meio dele, alunos das duas turmas do 5º ano do Ensino Fundamental transformam livros infantis em relatos gravados e apresentam o resultado às crianças da pré-escola e do 1º ano da instituição.
- Eles estudam em um bairro periférico da cidade e estão sujeitos a diferentes problemas sociais. Isso influencia, e muitos tinham dificuldade para ler. Com esse trabalho, passaram a ler e compreender melhor, e a autoestima aumentou muito - relatou.
Conforme Mestre, os estudantes sentiram-se motivados ao descobrir que um audiolivro ajuda aqueles que, por algum motivo, não conseguem ler. A atividade incluiu a escolha das obras, a criação de um roteiro, a gravação e a edição do material, com a utilização de efeitos sonoros para fortalecer a narrativa.
O trabalho foi feito em grupos, e cada turma produziu cinco livros. Duas apresentações já foram feitas.
- As narrativas têm coisas interessantíssimas que realçaram o ambiente e a força de cada personagem. As crianças que ouviram o resultado ficaram empolgadas e pediram para ouvir de novo - contou Mestre.
Os alunos verificaram pontos que poderiam ser melhorados nos audiolivros e, agora, estão gravando-os novamente. Mestre afirma que a procura de livros na biblioteca aumentou cerca de 50%.
Sem medo do suspense
Ao ler para os alunos do 4º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Anísio Teixeira, de Porto Alegre, a professora Cíntia Nunes percebeu que eles sempre queriam histórias mais assustadoras. Ela decidiu, então, acatar a vontade dos pequenos e criou um projeto de estudo sobre suspense. Além de a professora contar histórias (momento em que a turma fechava as cortinas e apagava as luzes), os alunos começaram a fazer leituras individuais diárias do gênero nos primeiros 15 minutos de aula. Uma roda de leitura, em que crianças falavam sobre obras que haviam lido, entrou para a rotina.
- Quando vão debater, um lembra algo que o outro não lembrou, e eles vão se ajudando a interpretar. E, se um deles indicava o livro que estava lendo, os colegas ficavam curiosos - justificou Cíntia.
Depois de já terem certo repertório literário, uma aluna sugeriu que eles gravassem um telejornal para falar sobre os livros lidos. Foi escolhido, por votação, um "jornalista", e os demais eram os entrevistados. O programa De Frente com os Livros foi um sucesso. Agora, em dezembro, os alunos lançarão um livro de suspense, escrito e ilustrado por eles mesmos.
- Eles se apropriaram do gênero, começaram a descrever ambientes e conflitos característicos do suspense. Alguns, inclusive, começaram a escrever em casa, porque passaram a gostar de inventar histórias - relatou a professora.
Querido diário
Em março, nenhum dos alunos das duas turmas de 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Arlindo Stringhini, de Guaíba, era associado à biblioteca da instituição. A fim de incentivá-los a cultivar o hábito, a professora de língua portuguesa Jessica Colvara Chacon resolveu inserir a leitura na rotina de aula, com o estudo de obras em formato de diário.
Depois de algumas aulas sobre o gênero, os estudantes foram convidados a escolher um livro para ler individualmente durante o ano. Para motivá-los a fazer a escolha com base no interesse pela narrativa, e não na espessura, a professora organizou um varal em sala de aula, em que estavam dispostas cópias apenas da capa e da contracapa.
- Os momentos de leitura às vezes eram tradicionais e, às vezes, na pracinha, na rua, com almofadas. A leitura em grupo, mesmo que feita individualmente, fez com que eles se envolvessem - disse Jessica.
Posteriormente, os estudantes passaram nas outras turmas do colégio para contar sobre o projeto e indicar os livros que leram a outros colegas. A última etapa consistiu na criação de um diário próprio, que podia ser ficcional ou verídico. Inspirada na obra Destrua este Diário, de Keri Smith, a professora solicitou que o trabalho contivesse ordens para o leitor estragar o livro depois de ler.
- A intenção era quebrar o estigma de que ler é monótono - explicou.
Os diários foram compartilhados - e destruídos - com os familiares.