Até esta quarta-feira, ZH mostra os trabalhos dos finalistas no Estado do 3º Prêmio RBS de Educação - Para Entender o Mundo. Nesta segunda-feira, apresentamos os classificados na categoria Jovens Protagonistas, composta por estudantes das redes pública e privada. Conheça agora os três educadores que seguem na disputa na categoria Escola Privada, e, nesta quarta-feira, os da categoria Escola Pública.
Quem são os finalistas do 3º Prêmio RBS de Educação no RS e em SC
Histórias do cotidiano
Aproximar a literatura da realidade dos alunos do 3º ano do Colégio Ulbra São João, em Canoas - que vivem, em sua maioria, em um dos bairros mais violentos da cidade -, foi o objetivo da professora de português, literatura e produção textual Carolina Karro da Piedade. Para isso, ela escolheu um autor que usava o cotidiano como inspiração para suas histórias: Nelson Rodrigues. Foram seis meses de imersão na obra do jornalista e escritor pernambucano.
- O adolescente até gosta de ler, mas somente os livros da moda. A dificuldade estava em despertar o interesse pela literatura brasileira. Mas Nelson Rodrigues, há muitas décadas, já abordava temas que parecem tão recentes. Isso impressionou os alunos - contou a professora.
A atividade começou com um estudo sobre o autor e a leitura de suas histórias em sala de aula, além de uma pesquisa individual realizada em casa. Em junho, Carolina levou o grupo à peça Boca de Ouro, no Teatro da Amrigs.
A terceira etapa do projeto consistiu na criação de um painel com notícias jornalísticas que poderiam servir de pano de fundo para contos, crônicas ou peças. Com elas, inspirados em Nelson Rodrigues, os 17 estudantes escreveram suas próprias histórias, que devem ser compiladas em um audiolivro.
- Eles foram estimulados e encontraram sentido em escrever ficção, um estilo literário que não é cobrado em termos de seleção para universidades, mas que dá prazer. Alguns descobriram que tinham talento para isso, e todos perceberam que é possível transformar o cotidiano em arte - diz Carolina.
Ler para gostar de ler
Ao avaliar sua turma do 2º ano do Ensino Fundamental do Colégio Israelita Brasileiro, de Porto Alegre, no início do ano, Carolina Pillon Christofoli percebeu que, apesar de quase todos os alunos já estarem alfabetizados, havia significativas variações na qualidade das leituras e nem todos gostavam da atividade. O desafio, então, não era somente ensinar a ler, mas incentivar as crianças a sentirem prazer com os livros.
A solução encontrada por Carolina foi inserir a leitura na rotina dos 25 estudantes. Todos os dias, a professora começa a aula lendo para eles. Uma das obras trabalhadas foi Sítio do Picapau Amarelo - Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, livro que provocou a turma pela dificuldade do vocabulário, fazendo-os procurar no dicionário o significado de determinadas palavras e incitando o aprendizado coletivo.
- Vejo que eles aprovaram a leitura quando trazem de casa ou retiram na biblioteca outros exemplares dos mesmos autores - relatou Carolina.
No final do dia, cada um escolhe uma obra da biblioteca - inclusive a professora - para mais 10 minutos de leitura silenciosa. Além disso, três vezes por semana, as crianças leem para os colegas. Os interessados ensaiam em casa ou em sala de aula. A apresentação é feita individualmente, em duplas ou trios.
- Percebo que houve avanço nos níveis de leitura, que foi de silabada para fluente. Mas, além da parte pedagógica, eles realmente começaram a gostar mais de ler. Isso é o que mais me deixa motivada a continuar esse projeto - diz.
Clube da leitura
Os livros e a criação de histórias transformaram-se em uma atividade coletiva extracurricular no Colégio Santa Rosa, em Carlos Barbosa. Organizado pela bibliotecária Eloisa Dalmás Guerra, o Clube da Leitura envolve 21 alunos do 5º e do 6º anos do Ensino Fundamental. Separados em três grupos, de acordo com as respectivas turmas, eles se encontram semanalmente durante 45 minutos para ler, discutir e se expressar com base em obras literárias.
Uma atividade diferente é proposta para cada leitura. Peça de teatro, jogo de perguntas
e respostas e cartazes de colagens foram algumas delas.
- Em primeiro lugar, é uma forma de cativar os alunos. Em segundo, serve para mostrar como a leitura se relaciona com tudo na nossa vida. Em terceiro, essa parte artística dá liberdade para eles se expressarem - justifica Eloisa.
A cada dia, um aluno é responsável pelo lanche coletivo, o que torna o encontro um momento de compartilhamento e convivência. Conforme Eloisa, isso é importante para fazer os alunos associarem a leitura a memórias boas:
- A relação com a biblioteca e com a figura do bibliotecário mudou. Antes, eles pensavam que era um lugar chato, de silêncio, mas não, também é um lugar legal para ficar, encontrar amigos. É bem bacana mudar essa imagem.
Instigados por Eloisa, os estudantes escreveram e montaram seus próprios livros, inspirados nas últimas leituras que fizeram no clube, e irão lançá-
los em um evento com os pais, em dezembro.