Época que costuma trazer oportunidades para quem ainda não conquistou um lugar no mercado de trabalho, o final de ano tende a ser menos auspicioso desta vez. O cenário de crise econômica indica retração no número de trabalhadores temporários no setor do varejo ­e menor chance de efetivação. Para quem vai concorrer a uma vaga, é preciso suar, ainda mais, a camisa. Segundo a diretora da ABRH-RS, Cristiane Steigleder, quem se destaca tem espaço:
- Apesar de ter poucas oportunidades, as empresas sempre precisam de pessoas bem qualificadas.
Daniel Pillotto, 24 anos, é vendedor em uma loja de roupas na Capital desde janeiro. Começou com contrato provisório um mês antes. Desempregado havia quatro meses, ele conta que, assim que foi selecionado para a vaga temporária, parou de buscar outras oportunidades, mantendo foco total no serviço. Deixou claro para os empregadores o desejo de permanecer na empresa.
Hoje, o jovem ocupa o primeiro lugar no ranking de vendedores da rede.
- No dia a dia, ele é um cara interessado, que faz um trabalho com excelência, é proativo, ajuda a equipe como um todo, não só com as vendas - completa a gerente Gabriela Jaeger.
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Além de cumprir os compromissos, respeitar horários e evitar faltas no trabalho, o vendedor conta que procura superar as expectativas da empresa:
- Tento vender sempre acima da pretensão inicial da loja. Tenho uma meta individual.
Possibilidade de efetivação é real mesmo em períodos mais tensos
Daniel faz o que a coach de carreira Simoni Missel aconselha aos temporários que pretendem agarrar sua vaga e serem efetivados: contribui para melhorar o resultado da empresa, realiza mais do que é pedido e fideliza clientes. Especialmente na função de vendedor, a que mais absorve funcionários no final do ano, o bom relacionamento com o público é essencial.
- Se o funcionário agregar, atender bem o cliente, aumentar o número de clientes, ele pode ser efetivado - afirma Simoni.
Como manter o emprego durante a crise?
Cristiane Steigleder endossa a percepção da coach: foco em resultado é mandamento entre as empresas, especialmente no setor do comércio. Na prática, o que se espera do funcionário é alinhamento com as metas de vendas e de captação de clientes, iniciativa e contribuição para elevar o faturamento da empresa. Também é desejável ajudar a melhorar processos, de forma a otimizar o tempo e produzir mais.
- O funcionário tem de estar na mesma sintonia da empresa - opina Cristiane.
Outro fator que influencia na decisão do empregador na hora de contratar um funcionário é a qualificação. A Fecomércio aponta que, para 42,6% dos estabelecimentos consultados, a falta de qualificação dos candidatos está entre as maiores dificuldades de contratação. Grau de escolaridade, experiência, conhecimento em outros idiomas e cursos de preparação contam muitos pontos na disputa por uma vaga.