A lista de obras literárias exigidas nos vestibulares às vezes causa certo pânico entre os estudantes. Tudo porque nem sempre os textos são assim, tão fáceis de serem compreendidos, ou porque não estão dentro do gosto literário dos estudantes.
Em 2013, dois professores tiveram a ideia de dar uma força para a turma que busca uma vaga na universidade e precisa encarar, além de todo o conteúdo de diferentes disciplinas, a listinha de livros.
Criaram o Teatro Vestiba, projeto em que encenam algumas das obras literárias exigidas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e ainda comentam as sessões, para que a gurizada fique atenta a pontos importantes das obras, de seus autores e personagens. A ideia não é substituir a leitura. Pelo contrário, é reforçá-la e aprimorar o olhar do estudante sobre aspectos relevantes da história.
- Peças de teatro ou filmes são importantes para motivar os alunos para a leitura de obras clássicas. É muito difícil para um jovem compreender o contexto em que tais obras foram produzidas, a geração atual é muito visual. Então, adaptações para outras linguagens, mais visuais, acabam sendo úteis nesse sentido - avalia o professor de Letras do UniRitter, Marcelo Spalding, doutor em Literatura pela UFRGS.
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Projeto reforça estudo de história por meio do cinema.
Espetáculo não substitui a leitura
Neste ano, o grupo manteve as apresentações de Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues, O Amor de Pedro por João, de Tabajara Ruas, e de Tropicália ou Panis et Circensis, primeiro álbum a integrar as leituras obrigatórias da universidade. O enredo rodrigueano abre a temporada.
- Começamos pelo Boca porque já é um texto em teatro e escolhemos Tropicália por unir várias linguagens e O Amor de Pedro por João por ser um texto tenso e não havia adaptação do Tabajara para teatro. O nosso projeto também é uma forma de desconectar o pessoal, trazer esse público jovem para dentro do teatro - diz o professor de português Carlos Zambeli, idealizador do Teatro Vestiba aos lado de Luciano Teixeira, professor de geografia.
Professora de Linguagens do Universitário, Maria Tereza Faria ressalta a importância de considerar a adaptação de uma obra literária, tanto pelo teatro quanto pelo cinema, como uma possibilidade de reforço ao que foi lido, nunca uma substituição. Para quem vai fazer vestibular, então, a regra deve ser levada à risca especialmente porque a prova considera o livro, não a peça, por mais fidedigna que seja a produção do espetáculo ou direcionada, como é o caso do Teatro Vestiba.
- O aluno não pode perder de vista que há outra linguagem. A peça é um reforço para o que ele já "escutou" com a sua voz lendo o livro. A prova é feita em cima do livro, o teatro não tem obrigação de respondê-la, o livro, sim - diz.
O professor Spalding também ressalta que a exigência de leituras obrigatórias não é porque a universidade quer simplesmente cobrar informações das obras, mas estimular a leitura:
- É fundamental que os candidatos leiam não apenas as obras indicadas, mas livros de história, geografia, jornais, enfim, cultivem o hábito da leitura. É isso que permitirá uma melhor interpretação de textos, uma melhor expressão escrita etc. O que não impede que antes ou mesmo depois assistam a boas peças ou a bons filmes.
Serviço
Teatro Vestiba
Peça: Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues.
Quando: 20 e 21 de junho (sábado e domingo), às 14h e às 17h
Local: Teatro da Amrigs (Avenida Ipiranga, 5.311).
Ingressos à venda em teatrovestiba.com.br, Restaurante Gambrinus (Mercado Público, 85), Valkiria Café (Avenida Carlos Gomes, 604) e O´Braz Café (Avenida Carlos Gomes, 467)
Outras obras
15 e 16 de agosto - A Tropicália Tá Chegando
26 e 27 de setembro - O Amor de Pedro por João
Vestibular 2016
Teatro Vestiba encena leituras obrigatórias da UFRGS
Temporada será aberta em junho com a peça Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues
Bruna Porciuncula
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