Lançada oficialmente na última terça-feira, a Associação Brasileira de Estudo das Abelhas - A.B.E.L.H.A. tem a missão de reunir, em uma mesma rede, os diversos interessados na conservação das abelhas e outros polinizadores do Brasil. A entidade também irá aprofundar o conhecimento sobre a importância desses insetos para a produção de alimentos (incluindo culturas agrícolas, frutíferas e mel) e a conservação ambiental.
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Para tanto, a associação mantém um Conselho Científico que congrega pesquisadores de diversas instituições, entre elas, Embrapa, Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Ceará e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
- A associação tem o papel de consolidar dados e estudos sobre polinizadores, com base técnica e científica, que contribuam para aprofundar o conhecimento sobre a importância das abelhas para a produção de alimentos e a conservação ambiental - , afirma Ana Lucia Assad, diretora-executiva da entidade.
A polinização realizada por esses animais é responsável por, aproximadamente, 35% dos alimentos consumidos mundialmente. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que 73% das espécies vegetais cultivadas no mundo sejam polinizadas por alguma espécie de abelha.
A polinização é também um serviço ambiental que permite a manutenção da biodiversidade, além de ser essencial para a produção de diversos alimentos. Assim, a conservação dos polinizadores se faz necessária para o aumento sustentável da produtividade agrícola brasileira, já que os frutos e sementes estão na base da cadeia alimentar.
Nos Estados Unidos, onde há uma demanda regularizada por esses serviços, estima-se em US$ 4,1 bilhões de dólares por ano o valor da polinização realizada apenas por abelhas nativas.No Brasil, existe demanda por este serviço para algumas culturas, mas estudos sobre a representatividade e tamanho desse mercado ainda são precários.
Mel e subprodutos
Em 2009, o Brasil chegou a ocupar o quarto lugar no ranking dos maiores exportadores de mel. Nos anos seguintes, em razão da seca em algumas regiões, a produção caiu e em 2012 o país chegou à décima posição. Apesar das dificuldades, os prognósticos para a atividade são positivos, pois poucos países no mundo reúnem condições ambientais e climáticas tão favoráveis para a produção de mel e os outros derivados.
O Brasil conta com aproximadamente 250 espécies de abelhas pertencentes à tribo Meliponini, chamadas popularmente de abelhas sem ferrão. Algumas destas espécies são criadas para a produção de mel, que tem sido cada vez mais valorizado para fins gastronômicos.
A meliponicultura, além de permitir a produção dos diversos tipos de mel, ainda contribui para a conservação das diferentes espécies. No Nordeste brasileiro, em especial nos estados do Maranhão, Rio Grande do Norte e Pernambuco, há diversos polos bem sucedidos de meliponicultura que usam espécies locais como a tiúba, a jandaíra e a uruçu. O mel produzido pelas abelhas pode ser encontrado em muitas variedades, que diferem entre si por características como a cor, o aroma e o sabor, além da viscosidade e da densidade.