Quer assistir ao nascer do Sol em Pequim, na China? Nada mais próximo da aurora que grandes telões de LCD espalhados pelas praças da cidade. Isso mesmo: com a poluição acinzentante escondendo o astro-Rei, restou aos chineses olhar o Sol na TV, numa manobra parecida com a que Hong Kong adotou no ano passado para seguir apresentando o seu "skyline" aos turistas.
As telas, que geralmente reproduzem peças de propaganda turística, apresentaram o Sol nascente na última quinta-feira, justamente o dia em que o ar Pequim ultrapassou 25 vezes os níveis tolerados de contaminação. A cidade ficou coberta por um perigoso 'smog' (neblina tóxica), limitando a visibilidade a alguns metros.
A densidade das partículas com 2,5 micrômetros de diâmetro, as mais perigosas, atingiu 671 microgramas por metro cúbico, segundo a embaixada dos Estados Unidos, uma quantidade que representa 27 vezes mais que o máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O índice oficial da qualidade do ar chegou ao máximo da escala (500). Os carros tinham que circular com as luzes ligadas em pleno dia, e muitos pedestres usavam máscaras para proteger o rosto.
A contaminação está se tornando um foco crescente de descontentamento na China. As autoridades se comprometeram a reduzir em 25% a emissão de contaminantes na atmosfera até 2017 em Pequim e em outras grandes cidades.
O governo assegurou que os níveis de contaminação serão reduzidos se o consumo de carvão, uma das principais fontes de energia do gigante asiático, também diminuir. A China é o maior consumidor de carvão do mundo.
As grandes metrópoles chinesas foram afetadas por uma forte contaminação nos últimos anos, devido em grande parte às emissões da combustão de carvão nas usinas energéticas. A contaminação, que tende a piorar no inverno, também se deve à rápida urbanização, ao forte desenvolvimento econômico e a fatores climáticos. Pequim registrou uma queda de 15% no número de turistas na primeira metade do ano passado.