Os níveis de plutônio radioativo na estratosfera terrestre, proveniente de testes e acidentes nucleares são mais elevados do que se pensava anteriormente, embora provavelmente não representem um perigo para os seres humanos, alertaram cientistas na Suíça nesta terça-feira.
Anteriormente, pensava-se que os radionuclídeos de plutônio - átomos radioativos que podem levar décadas ou milhares de anos para se degradar - estivessem presentes na estratosfera - camada da atmosfera situada entre, aproximadamente, 12km e 50 km de altitude - apenas em níveis desprezíveis.
Também se acreditava que os níveis destes poluentes fossem mais elevados na troposfera, a camada da atmosfera mais próxima da superfície, do que na estratosfera.
Para os autores do estudo, que não encontraram probabilidade de danos à saúde, as duas ideias estão equivocadas.
Os níveis radioativos na estratosfera são "mais de três ordens de magnitude maiores do que se pensava anteriormente", declarou o coautor do estudo, José Corcho, do Departamento Federal de Proteção Civil da Suíça.
Os estudiosos também descobriram que as erupções vulcânicas podem mudar estes poluentes da estratosfera para a troposfera, mais perto da Terra.
Mas Corcho disse que não existem evidências de perigo.
"Os níveis de plutônio e (césio) atualmente encontrados na estratosfera são baixos e comparáveis aos níveis medidos no ar no nível do solo (troposfera) no final dos anos 1960 e nos anos 1970", explicou por e-mail.
"Embora não seja especialista em saúde, eu diria que os níveis atuais de plutônio encontrados na estratosfera não representam um risco para a população", acrescentou.
O estudo, publicado na revista Nature Communication, destacou que as partículas radioativas encontradas na estratosfera se originaram sobretudo de testes feitos na superfície do solo com armas nucleares nos anos 1950 e início dos 1960.
Outras fontes foram a destruição de um satélite americano de navegação em 1964, que espalhou seu combustível de plutônio na atmosfera, e acidentes com usinas nucleares como os de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia, e de Fukushima, em 2011, no Japão.
A equipe de cientistas usou amostras de aerosol captadas por aviões militares suíços desde os anos 1970, como parte do programa de vigilância ambiental do país.