A quarta edição do workshop Biological Evolution reunirá mais de 30 cientistas de diversos países em Porto Alegre entre os dias 4, 5 e 6 de novembro. Pesquisas, descobertas e aspectos instigantes sobre a evolução humana, de plantas e de outros organismos serão discutidos no Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no Auditório do Departamento de Genética. As inscrições para o evento estão abertas.
Um dos destaques do evento é prata da casa: o grupo da professora Maria Cátira Bortolini, do Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular da UFRGS, comparou o genoma do Neandertal, do Hominídeo de Denisova e do Homo sapiens (nós) e constatou que não somos assim tão diferentes de nossos primos pré-históricos.
- Uma das hipóteses para a extinção dos neandertais sugere que, na competição direta com o Homo sapiens, eles sucumbiram em função da capacidade cognitiva inferior. Eles não teriam a habilidade de construir ferramentas, por exemplo - lembra a geneticista.
Convidado para a conferência em Porto Alegre, o professor João Zilhão, da Universidade de Barcelona, na Espanha, tem coletado provas de que os neandertais tinham representação simbólica similar aos humanos modernos.
- O professor Zilhão traz elementos que mostram que, talvez, os neandertais não tinham nada de capacidade cognitiva inferior. Isso vai ao encontro do nosso estudo: comparamos 126 genes ligados à cognição (dos humanos e dos neandertais) e não vimos diferenças. São trabalhos que indicam que o Neandertal tinha um arcabouço biológico similar ao nosso - resume a professora Bortolini.
A geneticista da UFRGS se apoia na constatação de que o Homo sapiens, até pouco tempo - e até hoje, no caso de alguns povos aborígenes -, se sustentava com base na indústria lítica (construção de ferramentas de pedra) para concluir que as diferenças entre nós e nossos antigos "rivais" tinham mais a ver com cultura do que com biologia.
Uma das pesquisadoras mais aguardadas do workshop, Anna di Rienzo (Universidade de Chicago, EUA) irá discorrer sobre a capacidade dos humanos modernos de serem bem-sucedidos na colonização dos continentes, incluindo aspectos genéticos de suas adaptações a diferentes climas, fontes de alimentos e patógenos.
Também presente no Biological Evolution, o professor Gillian M. Morriss-Kay (Universidade Oxford, Inglaterra) irá discutir aspectos sobre a evolução da criatividade humana. O professor Francisco Salzano, expoente da ciência gaúcha, trabalhando há mais de 60 anos em pesquisas no Estado, irá abordar a relação dialética entre biologia e cultura.
O programa contempla várias palestras com achados recentes sobre evolução de plantas e animais, tais como adaptação a nichos ecológicos naturais e construídos.
Os encontros acontecem nos turnos da manhã e da tarde. Para se inscrever, basta enviar um e-mail para 4pabew@gmail.com. O interessado receberá uma resposta automática com instruções e um código para a inscrição.