O comércio global é uma competição em que vence o mais rápido e eficiente: os primeiros a descobrirem um novo nicho de consumo, um mercado inexplorado ou uma melhoria significativa em seu produto ou serviço tendem a levar vantagem sobre os concorrentes. Quem pilota as companhias nesta corrida são os líderes - os profissionais que batem o martelo nos planos de expansão, nas estratégias de marketing e de inovação.
Não à toa, preparar futuros líderes se tornou um fator-chave para o sucesso das companhias com ambições globais.
- As empresas brasileiras estão se inserindo no mercado internacional como nunca. E essa velocidade se reflete nos programas de formação dos líderes, que exigem agilidade e estratégias de treinamento - analisa Simone Kramer Silva, vice-presidente de expansão da seção gaúcha da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RS).
Nesse processo, explica Simone, um dos principais desafios das companhias é alinhar os líderes aos seus valores e estratégias. Ultrapassar essa barreira foi um dos objetivos da Vonpar, fabricante e envasadora de bebidas da Coca-Cola no Rio Grande do Sul, ao fundar a Escola de Líderes no ano passado.
O projeto é dividido em três grandes pilares: cultura, gestão e estratégia e negócio. Todos funcionários em cargos de gestão, de supervisores a diretores, participam. Temas como coaching, comunicação, qualidade, gestão de projetos, treinamento de mídia e cultura fazem parte da arquitetura dos conteúdos.
- Quem passa pela escola apresenta outro nível de performance. Isso é excelente para profissional e empresa - explica Roberta Schaurich, gerente de desenvolvimento de pessoas da Vonpar.
Os encontros ocorrem a cada mês e meio, com dinâmica de grupo, debates e imersão em experiências práticas. Atualmente, participam das aulas 300 líderes. Um deles é Carlos Ely, gerente regional da Vonpar em Santo Ângelo.
À frente de 80 funcionários, Ely diz que um de seus desafios é estar padronizado às estratégias da empresa e atualizar seu conhecimento, inclusive para liderar os mais jovens. Conforme Ely, há nove anos na Vonpar, os estudos de casos e os momentos de reflexão também despertam ideias que podem ser aplicadas no dia a dia de sua unidade.
- A escola é um facilitador, coloca todos os líderes no mesmo patamar de conhecimento e atualização - avalia.
Profissionais são preparados para coordenar equipes
Para um grupo de empresas, a preocupação em formar gerentes, supervisores e diretores começa no recrutamento.
A Natura, por exemplo, tem preferência por candidatos que demonstrem pontos de vista alinhados aos valores da empresa, como busca por qualidade, inovação, desenvolvimento sustentável e prazer no que faz. Tudo para facilitar e acelerar a preparação de funcionários para futuramente ocuparem cargos de decisão.
- Dar competência técnica a alguém é mais fácil, você vai capacitando com o tempo - afirma Daniel Levy, diretor da regional Sul da Natura.
Edimilson Miguel, que no início deste ano foi promovido a gerente de marketing da empresa no Sul, teve o mapa de sua carreira trilhado ao longo dos últimos anos, conforme sua forma de trabalhar e a experiência ganha em cada etapa. Recebeu apoio da empresa para um MBA e coaching de profissionais.
No Grupo Processor, que atua no mercado de TI, profissionais identificados como potenciais líderes são direcionados desde cedo a programas que desenvolvem seu perfil e suas habilidades.
- Quando identificamos um potencial líder, já definimos em qual setor e mercado (a empresa tem filiais dentro e fora do Brasil) ele poderá trabalhar - explica Ana Claudia Machado da Silva, gerente de Recursos Humanos do Processor.
Os candidatos participam de treinamentos com duração de um ano, que incluem aulas de liderança, relacionamento e gerenciamento de conflitos. Neste ano, devem ser formados 10 novos líderes, inclusive no programa de trainee.
O que as empresas esperam dos líderes
- Estar disposto a transitar por diferentes setores da empresa
- Conhecimento a fundo do negócio
- Identificação com os valores da companhia
- Facilidade de se relacionar e resolver conflitos
- Estar aberto a novos desafios
- Ser proativo e ágil na execução de tarefas
- Vivência no Exterior (intercâmbio, trabalho ou trabalho voluntário)
- Capacidade de treinar sucessores