Um dos assuntos referentes ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que costuma tirar o sono dos participantes é a nota final. É com ela que os candidatos poderão concorrer em processos seletivos de acesso ao Ensino Superior. O cálculo da nota do exame, que, neste ano, será realizado nos dias 5 e 12 de novembro, é complexo e difícil de prever.
Para ajudar os estudantes, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) criou um guia que explica detalhadamente como funciona a nota do Enem. O candidato pode atingir um máximo de mil pontos em cada uma das cinco áreas – quatro provas objetivas e uma de redação, dependendo da média geral. A nota final é determinada pela soma dos pontos dividida por cinco.
As notas de cada prova, porém, não são calculadas com base no número de acertos. É aí que entra a Teoria de Resposta ao Item (TRI). Essa ferramenta, criada especialmente para o Enem, busca avaliar a probabilidade de o candidato acertar uma questão, seu conhecimento na área e o conteúdo de cada pergunta.
— A TRI não leva em consideração apenas o domínio dos conteúdos, mas também as habilidades. Algumas questões trabalham quatro habilidades, enquanto outras apenas uma ou duas. O valor desses acertos será diferente. Por isso dois alunos que acertam 40 questões podem ter notas variadas — explica o diretor do Fleming Pré-Vestibular, Adroaldo Lara.
O modelo matemático da TRI usado no Enem considera três parâmetros na hora de avaliar as questões: discriminação, acerto casual e dificuldade. O primeiro aspecto diferencia os participantes que dominam dos que não dominam a habilidade avaliada na questão. Já o segundo avalia a dificuldade da pergunta, ou seja, quanto maior a dificuldade, maior a nota. O terceiro e último fator busca representar a probabilidade de o participante ter chutado a resposta correta.
— É importante acertar com qualidade, e não só em quantidade. Portanto, é essencial que os alunos tenham uma estratégia de prova. Se o candidato for fazer da questão 1 a 45 em ordem e, por exemplo, ficar preso na questão número 5 que é mais difícil, ele talvez tenha que chutar as últimas, por causa do tempo. A TRI vai levar em consideração que o aluno acertou a questão 5, que é difícil, e errou a 42, a mais fácil da prova. Nestes casos, a nota será afetada porque falta coerência — exemplifica Lara.
Os modelos da TRI entendem que um aluno que acerta uma questão difícil tem as habilidades necessárias para acertar uma questão com o grau de dificuldade menor. Quando o cenário descrito pelo diretor do pré-vestibular ocorre, a ferramenta pode entender como se o candidato tivesse acertado casualmente, e não intencionalmente, a pergunta mais difícil, diminuindo a nota.
Ainda, Lara afirma que existem provas que pontuam mais do que outras. Ou seja, o grau de dificuldade do grupo de 45 perguntas pode influenciar a faixa de notas mais altas. A prova de redação é a que melhor pontua, uma vez que não são raros os casos de notas mil. Já para as outras, a lógica pode ser diferente.
— A pontuação máxima varia em cada prova e em cada ano. Normalmente, na prova de matemática é possível atingir faixas próximas aos 950 pontos. Depois, a prova de ciências da natureza pontua um pouco menos, sendo comum uma faixa de 860 pontos. As provas de ciências humanas e linguagens costumam variar entre faixas de 820 e 840 pontos.
As médias finais também podem variar, uma vez que, dependendo da faculdade escolhida pelo candidato, algumas áreas podem ter peso maior. Esse cálculo é feito pelas próprias universidades ou pelas plataformas do Sisu e ProUni, por exemplo.