Qual é o sonho do jovem brasileiro? Viajar? Estudar fora? Uma pesquisa de 2021 da Rede Globo com jovens das classes A, B e C mostrou que 60% desejam empreender e abrir um negócio próprio. E, além das áreas de administração e economia, a medicina também tem ganhado força quando o assunto é empreendedorismo. Por isso, cursos que incluem gestão de negócios em saúde destacam-se entre os estudantes.
Na ULBRA, os alunos têm acesso ao Centro de Empreendedorismo, um espaço projetado para apoiar propostas de inovação, especialmente aquelas voltadas a resolver demandas da saúde coletiva e do Sistema Único de Saúde (SUS). O coordenador do curso de Medicina no Campus Canoas, Marcelo Guerra, explica que, ao observarem os desafios reais e praticarem na universidade, os estudantes começam a identificar oportunidades.
– Eles são incentivados a criar intervenções inovadoras, especialmente nas áreas de saúde digital, serviços de saúde e medicina preventiva. Os desafios podem incluir desde o uso ineficiente de recursos e a falta de acessibilidade até a promoção de ações preventivas que reduzam a sobrecarga do sistema – diz o coordenador.
O processo começa com discussões colaborativas sobre modelos de negócios, tecnologias aplicáveis e serviços inovadores para otimizar o atendimento à saúde. As ideias são, então, submetidas a mentores especializados, que ajudam a refinar os conceitos.
– Esses mentores avaliam a viabilidade das ideias e orientam os alunos na criação de soluções práticas e escaláveis – reforça Guerra.
Depois dessa etapa, as ideias dos futuros médicos são apresentadas a empresas locais, onde podem encontrar apoio financeiro no setor privado. Essa conexão com o mercado é uma das marcas doscursos de Medicina da ULBRA e ajuda a transformar projetos em realidade, impactando positivamente os serviços de saúde e estimulando o espírito empreendedor dos alunos.
– Essa dinâmica proporciona aos alunos de Medicina da ULBRA uma oportunidade única de desenvolver competências em gestão de serviços de saúde, inovação tecnológica e saúde preventiva, integrando a formação médica tradicional com a prática empreendedora – conclui o coordenadordo curso.
Para o médico e professor Luciano Eifler, o mercado atual busca profissionais com um olhar aberto para o empreendedorismo. Ele incentiva os acadêmicos de Medicina a desenvolverem habilidades em áreas como ciências da computação, engenharia biomédica, marketing e administração.
– Isso ajuda a entender as demandas e os desafios do mercado de saúde e colaborar com outros profissionais. Essa interação é fundamental para desenvolver produtos e serviços inovadores que transformem a pesquisa acadêmica em soluções práticas de alto valor para a comunidade – explica Eifler.
Foi justamente ao tentar resolver um problema de sua empresa que a estudante Marjorie Stadnik encontrou o tema de um trabalho para a disciplina Ciência, Inovação e Empreendedorismo. Proprietária da Research Med, voltada para a pesquisa clínica em infectologia, e cursando o nono semestre de Medicina na ULBRA, Marjorie começou a trabalhar na empresa ao lado do pai, o médico e professor Cláudio Marcel Berdun Stadnik, em 2018. Após o falecimento dele, em 2022, Marjorie precisou decidir se seguiria ou não com o negócio da família.
– As aulas voltadas para o empreendedorismo me ajudaram a tomar a decisão de continuar o trabalho iniciado pelo meu pai. A medicina mudou muito, e hoje precisamos entender nosso papel no setor, pensando o mercado da saúde com foco nas demandas e no desenvolvimento dos serviços – conclui a futura médica.