Poucos temas motivam uma unanimidade tão consistente. Todos concordam que a educação é uma prioridade. Pelo menos, em tese. Depois de percorrer todas as regiões do Estado, o Movimento pela Educação, iniciativa da presidência da Assembleia Legislativa, nos deixa várias lições: a principal delas é que de nada serve o ideal se o primeiro passo não levar em conta o possível.
Esse é o maior mérito do projeto. “Não existe bala de prata”. A frase foi repetida várias vezes, por vozes diferentes, durante o processo. Em vez de tentar tirar mais um coelho da cartola, o Movimento pela Educação investiu na consistência – um caminho mais longo, mas o único capaz de transformar discurso em resultado. É o que Steve Johnson, um dos grandes nomes da inovação, define como o possível adjacente. Você não consegue chegar na Lua, por mais que a veja diante dos seus olhos, se não construir, primeiro, uma escada que leve ao foguete. É mais ou menos isso.
Depois de sete meses mediando debates sobre Educação por todo o Estado e ouvindo dezenas de pessoas, escolhi 10 pontos que, para mim, simbolizam o que de melhor ouvi nessa caminhada:
1) Gestão
O quanto a sociedade investe em educação é muito importante, mas o fundamental é saber como investir;
2) Resultados
Sem métricas claras e concretas para medir eficiência, o ciclo da educação sempre será incompleto;
3) Escala
Ilhas de excelência são importantes, mas, se seus processos não puderem ser replicados em grande escala, sempre serão apenas ilhas.
4) Valorização dos professores
Formar continuamente deixou de ser uma opção;
5) Participação
Pais, alunos, servidores, professores, vizinhos: a escola é da comunidade e se ela não criar canais e fluxos para uma participação real desses públicos, todos perdem;
6) Evasão:
Em uma sociedade com enormes pressões econômicas sobre as famílias, a escola deve ser, também, um ambiente de formação profissional;
7) Protagonismo
O aluno é o ponto central do processo educativo;
8) O papel dos políticos
Buscar, incansavelmente, pontos de convergência visando alcançar o melhor possível;
9) Autonomia
Ninguém conhece melhor as necessidades e as prioridades de uma escola do que sua comunidade mais próxima. Liberdade com investimentos, fiscalização e cobrança de resultados é uma fórmula que não falha;
10) Turno integral
Uma escola mais completa exige mais tempo na escola, com mais estrutura, conteúdos atualizados e segurança.
Agora, o Novo Marco Legal da Educação vai para a Assembleia. Se aprovado, começa um novo desafio: a implementação. Que a mesma energia e vontade esteja presente.