De acordo com dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílio (Pnads) Contínua e Covid 19, em janeiro deste ano, cerca de 12,8% dos brasileiros passaram a viver com menos de R$ 246 ao mês - uma média de R$ 8,20 ao dia. Em aspectos econômicos, isso se explica pelo alto índice de desemprego que chegou junto com a pandemia (2,9% de aumento comparado com março de 2019) e se intensificou com as diversas medidas de segurança necessárias, como o distanciamento social.
Os reflexos da pandemia também foram percebidos por pessoas beneficiadas com projetos comunitários, que viram muitas das atividades sendo suspensas. Diversos destes programas são oferecidos regularmente por universidades, através da sua área de extensão e das disciplinas dos cursos de graduação.
De acordo com a professora e integrante da equipe acadêmica da Ulbra, Cristine Fischer, a atuação conjunta nos momentos mais difíceis da pandemia se tornou essencial e parte do papel da universidade.
- A pandemia exigiu que a instituição se reinventasse, adaptando suas ações para o formato remoto. E, assim, pôde se manter perto da comunidade, que continuou a enfrentar situações diversas relacionadas à garantia da qualidade de vida e da saúde, ao fortalecimento dos direitos humanos, à educação e à formação profissional – destaca Cristine.
Um exemplo disso são os campi da universidade no Rio Grande do Sul, que mantiveram 51 projetos sociais neste período da pandemia. Os projetos estão ativos em diferentes áreas das unidades de Canoas, Carazinho, Guaíba, Santa Maria, Gravataí, Torres, São Jerônimo e Cachoeira do Sul.
– As tecnologias digitais tiveram um papel muito importante para a manutenção dessas ações e propiciaram aos professores e alunos a manutenção de muitas atividades realizadas anteriormente somente de forma presencial – explica a professora.
A docente lembra que as atividades extensionistas da Ulbra são destinadas a promover a integração entre a universidade e a comunidade na qual ela está inserida. Desta forma, ampliando o ambiente acadêmico e o processo ensino-aprendizagem do qual o aluno é o protagonista.
– Os alunos envolvidos, além de desenvolverem competências técnicas específicas nas suas áreas de atuação, obtêm competências humanísticas, como: liderança, comunicação, administração e gerenciamento, tomada de decisões e educação permanente. Assim, entregamos para a sociedade os agentes transformadores necessários para o tempo em que vivemos – completa.
Projeto de Fonoaudiologia estimula a cognição e a comunicação de idosos
Um dos projetos, criado em 2020, que envolveu os estudantes ocorreu no curso de Fonoaudiologia da Ulbra Canoas, no Estágio Curricular em Linguagem do Adulto e Idoso. A atividade é voltada para estimular as funções cognitivas e as habilidades comunicativas de idosos durante a pandemia. Os encontros, formados por cerca de 20 pessoas com idade acima de 65 anos, são online, duas vezes por semana e gratuitos.
Segundo a professora responsável pelo projeto, Andrea Finkler, os idosos participam de atividades como o jogo da memória, raciocínio lógico, cálculos matemáticos, caça-palavras, entre outros. Além disso, o grupo ainda interage durante a semana através do WhatsApp, em que recebem atividades para realizar à distância.
– Envelhecer acarreta alterações na velocidade de processamento das informações, fazendo com que o idoso necessite de um tempo maior para ler, compreender e memorizar os dados. Por isso, as atividades propostas colaboram para estimular os idosos – destaca Andrea.
Desde o ano passado, o projeto já atendeu 43 pessoas, promovendo uma série de benefícios.
– As atividades ajudam a prevenir o declínio cognitivo, retardando o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas e trazendo mais autonomia e qualidade de vida para este público – completa.
Para participar do projeto, é necessário entrar em contato com a Clínica-escola de Fonoaudiologia da Ulbra através do telefone (51) 3477-9269.
Direito mais próximo da comunidade
Além de projetos na área da saúde, como o desenvolvido pelo curso de Fonoaudiologia em Canoas, os cursos de Direito da Ulbra também mantiveram atendimentos comunitários durante a pandemia. O Serviço de Assistência Jurídica Gratuita (Sajulbra) da Ulbra Carazinho, que há 21 anos atende no município pessoas com renda de até três salários mínimos, por exemplo, seguiu durante o período de isolamento com assistência remota.
Além de prestar informações jurídicas à comunidade e informar sobre os seus direitos e deveres nas mais diversas áreas jurídicas, os acadêmicos da disciplina Sajulbra – Ética Profissional e Estágio, com a supervisão de professores, também atuam na prevenção de conflitos sociais, no peticionamento em órgãos públicos e administrativos e no ajuizamento de ações na área cível. De acordo com a coordenadora do curso de Direito da Ulbra Carazinho, Virgínia Icle, o serviço promove direitos garantidos pela Constituição para todos os cidadãos.
- A relevância está no acesso à justiça para pessoas que muitas vezes não possuem essa condição, seja por falta de informação ou por falta de condições financeiras - destacou Virgínia.
Neste semestre, o Sajulbra segue com atendimento remoto em Guaíba, sempre às terças-feiras, no horário da tarde. Para mais informações, ligue (54) 3329-1111 ou ainda contate pelo WhatsApp (54) 9 9138-4818.
Balcão do Consumidor já atendeu mais de 700 pessoas
Outra iniciativa do curso de Direito dos campi da Ulbra, o Balcão do Consumidor de Guaíba, que atua em cooperação com o Procon do Estado do Rio Grande do Sul, visa o atendimento de demandas de consumidores e o encaminhamento de resolução de conflitos de consumo de forma administrativa. O atendimento, realizado por estudantes e egressos, já contemplou mais de 700 pessoas do município e da região Costa Doce desde 2017.
A professora responsável pelo Balcão do Consumidor desde o início das atividades, Rosângela Dall’Acqua, conta que o atendimento começa com o aluno recebendo o consumidor e analisando os fatos descritos. Na sequência, faz contato telefônico com o fornecedor, tentando a conciliação extrajudicial entre as partes.
– Se a conciliação não tiver êxito em um primeiro momento do atendimento, faz-se o encaminhamento ao Núcleo de Negociação, Conciliação e Mediação do curso de Direito da Ulbra Guaíba, sob a responsabilidade do professor Josué E. Möller. Nessa etapa, as partes serão convidadas a dialogar e tentar a resolução dos conflitos com a utilização de diversas técnicas e competências, sempre buscando a satisfação dos interesses das partes de forma extrajudicial – afirma a docente.
Rosângela ainda explica que o índice de solução dos procedimentos registrados no Balcão do Consumidor em Guaíba supera os 80%. Além do atendimento direto aos consumidores e fornecedores, o programa também desenvolve atividades de pesquisa, com publicação de artigos científicos na esfera do Direito do Consumidor, informativos de educação com a publicidade de dicas de consumo consciente, bem como a realização de palestras sobre as disposições do Código de Defesa do Consumidor.
Os atendimentos em Guaíba durante a pandemia estão sendo realizados de forma remota, através do e-mail guaiba@balcaodoconsumidor.com.br.