
Jovens talentos da ciência se reuniram nesta segunda-feira (9) no auditório da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, para aprender com pesquisadores internacionais. Mas os cerca de 100 cientistas em formação, tanto da graduação quanto da pós-graduação, não estavam lá apenas para ouvir: também queriam saber como ser "recrutados" para algumas das melhores universidades do mundo.
A iniciativa uniu a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), uma das maiores incentivadoras do Ensino Superior no Brasil, e a Universidade de Yale, nos Estados Unidos, presença constante nos rankings internacionais de instituições com melhor reputação e produção acadêmica relevante para a pesquisa nas mais diversas áreas. Também marcaram presença membros de outras instituições americanas, como Duke University e Rockfeller University, e potências acadêmicas europeias, como Helmholtz Diabetes Center e University of Manchester, além de cientistas e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
— No Brasil, temos uma ideia clara de que, onde houver garotos jogando bola, haverá alguém observando. Onde houver potenciais modelos desfilando, haverá olheiros. Se há esse tipo de recrutamento no futebol e na moda, por que não fazer o mesmo na ciência? — propôs Marcelo Dietrich, professor de Medicina Comparada e Neurociência da Escola de Medicina da Universidade de Yale.
Dietrich é, ele próprio, um brasileiro que conviveu com a falta de recursos para o desenvolvimento da ciência no Brasil e conseguiu rumar para outra realidade, acessando o mundo da pesquisa internacional. O intuito do evento, que segue até quarta-feira (11) em Porto Alegre — nos próximos dias, deixando a Fundação Iberê Camargo para ser realizado no Centro Cultural da UFRGS — é justamente o de querer aproximar jovens pesquisadores da ciência internacional.

O caráter global do evento ficou claro desde o credenciamento: a língua falada por quase todos, brasileiros ou estrangeiros, das palestras ao coffee break, era o inglês. Isso permitiu que convidados como Carron Thoreen, pesquisador da Yale School of Medicine no Estado americano de Connecticut, se sentissem à vontade:
— Eu sou péssimo no futebol, e não seria um bom modelo. Então, minha chance era ser descoberto em eventos como este — explicou ele, fazendo a plateia rir.
O Encontro de Ciências Biomédicas Yale-Capes já teve outras seis edições e é voltado especialmente para a área da saúde. A iniciativa foi divulgada em eventos acadêmicos e em redes sociais ao longo do ano. Para participar, os interessados deveriam se cadastrar e cumprir o pré-requisito de ser um estudante de graduação com o sonho de ser cientista.