O governador Eduardo Leite falou pela primeira vez, nesta quarta-feira (3), sobre os casos de professores com contratos temporários que foram demitidos em meio a tratamentos de saúde no Rio Grande do Sul. Nos últimos meses, a norma do governo do Estado pegou de surpresa educadores, que foram comunicados do desligamento durante licença-saúde para tratamentos contra câncer, depressão e após cirurgias, por exemplo. O caso foi mostrado por GaúchaZH no início de junho.
Em entrevista exclusiva, Leite deixou claro que o governo tem sensibilidade e que as demissões em situações específicas, como tratamentos contra o câncer, podem ser revistas. Porém, o governador afirma que o foco do Estado é garantir o atendimento aos alunos.
— O governo tem sensibilidade e há revisão (...) Nosso foco é garantir o atendimento aos alunos, a aprendizagem, o professor na sala de aula, nós queremos e vamos trabalhar por isso. Essa é a meta. Nós somos sensíveis, observamos e acompanhamos essas pautas, casos de licença por tratamento de câncer e tudo mais, mas o foco é: precisamos garantir professor na sala de aula e que o Estado tenha capacidade de pagar os professores — disse.
O governador disse que determinou à Secretaria de Educação que houvesse sensibilidade para acompanhar o que ele considera como "situações específicas e mais dramáticas". Porém, há preocupação em relação ao pagamento de servidores, que ocorre com atrasos e de forma parcelada. Segundo Leite, o ciclo de seguidos contratos emergenciais para suprir a ausência de professores precisa ser interrompido.
— Quanto mais contratações, menos dinheiro resta para o pagamento dos servidores (...). A gente acompanha essas demandas, mas a gente precisa entender que o Estado não pode ter milhares e milhares de contratos emergenciais para substituir a licença da licença da licença — explicou.
Leite foi citado por diversos professores temporários durante audiência pública que tratou do tema nesta terça-feira (3), no Memorial da Assembleia. Um deles foi Cézar Leili Siqueira Jardim, de Bento Gonçalves, que se afastou da sala de aula após ser diagnosticado com depressão.
— Estou de licença saúde até o dia 21 de agosto, e em abril chegou a demissão. O que eu faço? O que eu digo para meus alunos que me perguntam na rua quando eu vou voltar? Eu gostaria de perguntar ao governador do Estado o que eu vou falar para a minha família, para meus amigos, porque eu não sei o que dizer — disse, com voz embargada.