O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou nesta quarta-feira (3) que o presidente Jair Bolsonaro "não leu e não lerá" a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. Segundo ele, não há razão para o presidente ter acesso à prova, que foi enviada em mídia digital para a gráfica em São Paulo na sexta-feira (28). As informações são de O Globo.
— Salvo algo totalmente fora do script, não consigo imaginar porque o presidente com uma agenda tão atribulada vai parar para ler a prova. Ele não leu e não lerá — afirmou Weintraub, que na manhã desta quarta anunciou que o Enem 2020 terá aplicação digital em fase piloto.
O ministro disse que também "pretende" não ler a prova, assim como farão, segundo ele, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, e o diretor que atualmente cuida do Enem na autarquia, Camilo Mussi.
— Antes da aplicação, não pretendo ler. Ninguém vai ler, salvo uma hecatombe nuclear. Estamos seguindo o procedimento padrão — disse.
Sem viés ideológico
Ano passado, já eleito presidente, Bolsonaro, incomodado com uma questão que mencionava um dialeto usado pela comunidade LGBT no Enem 2018, afirmou que interferiria no exame para retirar temas que ele considera inadequados. Na ocasião, prometeu que não iria haver "questão desta forma ano que vem, porque nós vamos tomar conhecimento da prova antes".
O ministro da Educação disse que deu orientações para retirada de "qualquer viés ideológico" das provas e que "cabeças vão rodar" se essa determinação não for atendida. Ele afirmou que demitiu um colaborador, sem dar detalhes, ao falar do contexto do Enem.
— Foi passada uma orientação para todas as estruturas para acabar completamente com qualquer viés ideológico da elaboração de provas. As pessoas que não performarem adequadamente, a gente vai desligar. Não tem muita novidade — afirmou Weintraub.