
Problemas estruturais levaram à interdição dos quatro prédios com salas de aula da Escola Estadual de Ensino Médio Tuiuti, em Gravataí, na Região Metropolitana. Para que os 1,2 mil alunos não fiquem sem aulas, as atividades serão realizadas em outros espaços a partir desta quinta-feira (27), como o salão de eventos, o refeitório, a sala de informática e a sala dos professores. Se não chover, a quadra de esportes também será utilizada.
Na quinta, durante o dia, apenas alunos do 1º ao 5º ano terão aulas. À noite, algumas turmas de Ensino Médio seguirão com as atividades. Tudo será informado por meio da página da escola no Facebook. Para os próximos dias, a direção da escola, em conjunto com a 28ª Coordenadoria Regional de Educação (Cre), ainda estuda alternativas para que as aulas sejam retomadas integralmente. Entre elas, o empréstimo de salas em outras escolas.
A decisão da interdição foi tomada no início desta semana por engenheiros enviados à escola pela 28ª Cre, após mobilização da comunidade escolar. Pais e alunos ocuparam o colégio por seis dias reivindicando obras na estrutura e na parte elétrica. O grupo saiu da instituição na segunda-feira (24), após acordo com a Cre.
Segundo a diretora da Tuiuti, os engenheiros avaliaram risco de queda do teto das salas e, por questões de segurança, as salas não poderão ser utilizadas.
— A escola ficou responsável por fazer três orçamentos com empresas para a remoção do forro dos prédios. Estamos agilizando ao máximo para voltar às aulas — explicou Geovana Rosa Affeldt.
Problemas crônicos na parte elétrica
Geovana comanda a escola desde 2016 e acompanha de perto os problemas nos quatro prédios que recebem os alunos. De acordo com a diretora, o colégio sempre sofreu com problemas na parte elétrica.

— Em 2016, nós recebemos R$ 120 mil reais de verba do Bird (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento). Fizemos um levantamento urgente para usar o dinheiro, principalmente por causa da parte elétrica. Fizemos um projeto e entregamos para a coordenadoria no mesmo ano. O dinheiro ficou parado na conta, nunca pudemos usar e, neste ano, foi recolhido — relatou.
Diversas escolas do Rio Grande do Sul perderam o financiamento obtido pelo Governo do Estado junto ao Bird. A verba, destinada a reformas e pequenas ampliações em colégios, deveria ter sido aplicada nas obras até o dia 31 de maio deste ano para que não fosse perdida. Com a justificativa de não perder recursos, o governo estadual decidiu realocar o financiamento na recuperação de estradas.

Queda de forro já tinha levado à interdição
Os problemas na escola Tuiuti se agravaram em 2018, principalmente no prédio que abriga os alunos das séries iniciais (1º até o 5º ano). Alunos e funcionários começaram a tomar choques ao mexer em tomadas ou nas grades das janelas.
Já no final do ano, uma professora notou que o forro da sala de aula que recebia alunos do 4º ano estava abaloado. Os estudantes foram retirados do espaço e, um dia depois, o teto inteiro despencou.
— Tirei os alunos por intuição, não por ter conhecimento de que tinha problemas estruturais. Poderia ter acontecido uma tragédia — disse a diretora do colégio.
Um projeto emergencial para reforma do prédio das séries iniciais foi liberado pelo Estado e o pavilhão foi totalmente interditado. Desde então, os alunos estavam tendo aulas em uma espécie de revezamento, utilizando outros espaços do colégio, como salas de informática, biblioteca e o salão de eventos.
Início dos trabalhos
Mesmo com a aprovação do projeto, as reformas no prédio ficaram restritas à retirada do forro do teto e não avançaram em 2019. Após a mobilização da comunidade escolar nesta semana, as reformas devem começar nesta quinta-feira (27), com previsão de conclusão para 90 dias. Nesta quarta (26), materiais e ferramentas já tinham sido levados ao local pela construtora para começo dos trabalhos.
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Educação afirmou que "as obras já iniciaram na escola, a vistoria já foi realizada. Serão realizadas readequações nos espaços da escola e em locais próximos, para o melhor atendimento aos estudantes."