Em seu único compromisso público nesta quinta-feira (6), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, discursou na abertura do 12° Congresso Brasileiro de Educação Superior Particular em Belo Horizonte (MG). Em pronunciamento curto – cerca de oito minutos – e marcado por mais referências à economia do que à educação, além de algumas críticas de teor político, o titular do MEC exaltou a iniciativa privada, responsável por cerca de 80% das matrículas em instituições de Ensino Superior no Brasil, e declarou que "não há condição" de "manter a atual estrutura da educação estatal" no país.
Weintraub afirmou que sua presença é importante pela mensagem que passa, como representante do governo Jair Bolsonaro: de que o crescimento na educação superior brasileira se deu em grande parte pela iniciativa privada. Em seguida, afirmou que o Ensino Superior público – de responsabilidade do governo federal – tem dificuldade, na atual estrutura, de crescer, ou até de se manter no estágio em que está.
— Existe espaço para universidades federais, estaduais, mas a expectativa de crescimento no Brasil deixa claro que não há condição, com o estado de contas do governo, de nutrir a atual estrutura da educação estatal e atender à demanda do que vai acontecer neste país — afirmou Weintraub.
O titular do MEC aproveitou para defender as reformas propostas pelo governo Bolsonaro, especialmente a da Previdência, tecendo comparações com a situação de outros países latino-americanos.
— A renda per capita (anual) no Brasil está em US$ 10 mil. Saneando (a situação das contas públicas), conseguimos migrar para US$ 20 mil. O Chile está com US$ 25 mil. Os países da América do Sul estão ultrapassando o Brasil, fruto das bobagens feitas nas últimas duas décadas. O que foi aplicado no Brasil gerou desemprego e ineficiência — declarou o ministro.
Seguindo mais nas comparações econômicas do que educativas, Weintraub afirmou que a educação superior deve ter um crescimento acima da média nos próximos anos, "caso o Brasil dê certo":
— E por que estou otimista? Porque a agenda econômica atual é científica, baseada na ciência econômica.
Retomando menção à reforma da Previdência, o ministro da Educação afirmou que a proposta vai "desamarrar o crescimento" nacional, levando a economia brasileira, agora negativa, a crescer 3% ao final do ano e de igual forma em 2020.
Caracterizando o governo Bolsonaro como liberal na economia e conservador nos costumes, Weintraub afirmou que o Estado não deve interferir nas relações econômicas, não deve criar obstáculos à iniciativa privada – e aí voltou a mencionar o ensino.
Ao final, o ministro reforçou que "o Estado brasileiro não tem condições de atender à demanda gigantesca que vai acontecer (no Ensino Superior) nos próximos anos". Weintraub não tratou de algumas pautas defendidas por ele, como o pagamento de mensalidade por alunos de pós-graduação em universidades públicas.
Muito aplaudido ao final do discurso, ele saiu evitando falar com a imprensa.
* O repórter viajou a convite da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior