Aluna do 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Getúlio Vargas, na Vila Vista Alegre, em Cachoeirinha, Karoline Tomaz, 14 anos, adorou a ideia de aprender a tocar violino. Inscreveu-se e começou as aulas no turno inverso ao da escola. A atitude influenciou a amiga Stefany Olea, 14 anos, que também quis conhecer o instrumento.
— Sempre achei lindo e quis vir aprender também. É difícil, mas é muito legal, tem ajudado na concentração — contou Stefany.
As alunas estão entre os quase 2 mil estudantes da rede pública municipal que serão contemplados com aulas de música no contraturno escolar por meio do projeto Canta e Encanta. A iniciativa já existia, mas foi ampliada neste ano para todas as escolas da rede municipal. Conforme o coordenador do projeto pela Fundação La Salle, contratada para gerir as aulas, Edmilson Tresoldi, 82 oficinas semanais já estão sendo disponibilizadas para as crianças, mas chegarão a 92 até a implantação completa do projeto.
— São aulas de canto, flauta, violão e violino do 1º ao 9º ano de 20 escolas, nos dois turnos. Os alunos participam voluntariamente — disse.
Apreciador da técnica e violonista, o prefeito Miki Breier diz que a oferta de atividades no turno inverso é uma prioridade. Além da música, a prefeitura oferece outras oficinas, como arco e flecha, por exemplo. O projeto Alvo no Futuro, desenvolvido desde 2013, com apoio da associação Arthemis e da Federação Gaúcha de Arco e Flecha (Fegaf), oferece oficinas gratuitas de tiro com arco para alunos da rede pública de 10 a 16 anos.
— É ocupação saudável do tempo livre — definiu Breier.
O Canta e Encanta também ocorre em cinco Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs). O investimento da administração é de cerca de R$ 20 mil por mês.
Porta para talentos
As aulas trabalham técnicas musicais, mas buscam aspectos complementares.
— A música é atrativa, ajuda na concentração, na autoestima, na disciplina. Trabalhamos com a prática, mas também com a teoria, e proporcionamos a eles contato com ritmos diferentes do que estão acostumados — explica Tresoldi.
O sucesso da atividade é garantida. Letícia Cole, 23 anos, licenciada em música pelo IPA, é hoje professora de música graças ao empurrãozinho do projeto. Quando era aluna da Escola Dagmar de Lima Mucillo há mais de 10 anos, fez aula de canto e violão pelo projeto.
— Foi lá que eu tive meu primeiro contato com a música e comecei a perceber que gostava. Iniciei cantando na igreja e fui indo até me decidir por fazer a faculdade. O "start" foi lá, uma oportunidade única — destacou.
Hoje, Leticia dá aulas em escolas de música, em um projeto social e no próprio Canta e Encanta.