Fora da filosofia e da educação, Ricardo Vélez Rodríguez, futuro ministro da Educação, tem um livro publicado sobre a história do Rio Grande do Sul. Em Castilhismo: uma Filosofia da República (2000), o futuro ministro da Educação analisou o "castilhismo", corrente que surgiu com a fundação do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) e esteve à frente do governo gaúcho de 1893 a 1937 nos nomes de Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros e Getúlio Vargas – este último levou a ideologia para o resto do país quando se tornou presidente da República.
Os governos dos militares do PRR no Estado, em um período lido hoje como autoritário, tomaram como norte o positivismo de Augusto Comte. Em sua análise, Vélez defende o liberalismo clássico de John Locke e Alexis de Tocqueville.
Paulo Pezat, professor de história brasileira na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), afirma que é "um trabalho importante":
– Vélez investiga o impacto do Júlio de Castilhos na história do Estado ao usar fontes como escritos da época e do próprio Castilhos, ou outras biografias. O viés de interpretação é crítico ao castilhismo enquanto experiência política, em última instância autoritária, e há uma simpatia por um regime mais liberal.
Mais tarde, no livro Republicanismo Brasileiro (2015), Vélez cita os benefícios do regime militar, como evitar o comunismo e desenvolver a indústria nacional, mas aponta: "O regime militar tinha um propósito, em que pese o viés autoritário evidentemente criticável".
O filósofo também diz que a grande falha dos militares no poder foi não estarem "habilitados para a chefia do Estado" por lhe faltarem a "ética da responsabilidade". Em outras palavras, diz que eles não teriam formação para "gerir unanimidade" em virtude da hierarquia, que pressupõe seguir ordens.
"Afinal de contas, ninguém realiza assembleias no front, quando as balas silvam sobre as cabeças dos soldados", escreve, salientando que "a política é o reino do dissenso".