Pense em 1 m². O que você imagina ser possível cultivar neste espaço? Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) vinculados ao Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) descobriram, em dezembro passado, 57 diferentes espécies nesta metragem, em Quaraí, na Fronteira Oeste. Trata-se de um recorde de vegetação no Bioma Pampa - superou a marca anterior de 53 espécies achadas em Candiota, em 2013.
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Foram encontradas plantas bastante típicas para a vegetação dos campos sulinos, como, por exemplo, o capim-caninha, a grama forquilha, o pega-pega, o trevo nativo. O curioso é que a descoberta ocorreu em uma região de Bioma Pampa caracterizada pelo solo raso e com bastante pedras, responsável por 63% da área do Estado.
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- Não esperávamos ver uma diversidade tão alta, pois está complicado encontrar áreas bem conservadas, principalmente em função de estarem produzindo soja e outras culturas nas áreas que antes eram campos nativos - avalia Cleusa Vogel Ely, 26 anos, mestre em Botânica e integrante do projeto.
- Há potencial para descobrirmos riquezas muito maiores na nossa vegetação campestre. Conhecemos muito pouco sobre nossos campos - completa Luciana da Silva Menezes, 25 anos, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Botânica da UFRGS e também participante do estudo.
O coordenador do projeto PPBio Campos Sulinos - Vegetação Campestre, Gerhard Overbeck, 39 anos, explica que, embora os campos do sul do Brasil sejam ecossistemas com uma biodiversidade muito alta, são pouco conhecidos.
- No Brasil e no Rio Grande do Sul, a maioria das pessoas associa biodiversidade a florestas, não aos campos. No entanto, no Estado, há cinco vezes mais espécies de plantas campestres do que espécies de árvores. Temos 2,5 mil plantas campestres no RS. Destas, mais de 400 encontram-se na lista das espécies ameaçadas - explica Overbeck.
No Mundo
Em ecossistema campestre, o recorde de plantas encontrado em 1 m² ocorreu nos campos das serras da Argentina, com 89 espécies.