Da estrutura à base curricular, universidades se alinham cada vez mais às tendências da tecnologia e, por sua vez, ao futuro do mercado profissional. Os notórios impactos na comunicação e no comportamento social, direcionam as instituições educacionais no caminho da personalização de seus modelos de ensino com atenção às habilidades de cada estudante e a todo aparato técnico à serviço de um corpo docente experiente.
A pandemia pode ter fortalecido ou potencializado algumas das tendências que já estavam à disposição das instituições. Entretanto, de maneira geral, esse movimento de mudança pautou-se em alguns anseios não tão novos, como: a necessidade da conciliação de trabalho e estudos; a maior aproximação possível entre teoria e prática; o diálogo entre diferentes profissões que se cruzam fora da academia; e a necessidade do estudante de compreender e acompanhar o tempo de transformação digital no qual todos estão inseridos.
Para o professor Edison Casagranda, vice-reitor de graduação da Universidade de Passo Fundo (UPF), ensinar e aprender são processos que sempre sofreram influências dos momentos históricos. Atualmente não é diferente, as instituições educacionais precisam, por um lado, entender, analisar e propor projetos capazes de absorver as inovações e, por outro, inseri-las adequadamente na formação de novos profissionais e cidadãos.
– Com os novos currículos, a UPF caminha frente à dinamicidade deste novo mundo, articulando teoria e prática em suas diferentes áreas de atuação. Os acadêmicos, apoiados nos desafios da profissão, vão reconhecendo ferramentas alternativas de estudo e de trabalho, trocando vivências, criando possibilidades de inovação e projetando novas soluções – destaca Casagranda.
Ao longo de 2020, a Universidade reestruturou os currículos de todos os seus cursos de graduação. Essa mudança se deu em conformidade com o novo programa Sense UPF, visando à inserção de quatro principais pilares: a imersão, a flexibilidade, a multidisciplinaridade e o ensino híbrido.
De acordo com o vice-reitor de graduação, o eixo da imersão visa à conexão com os contextos da prática profissional, de modo que a articulação entre teoria e prática ocorra desde o início da formação. São, também, currículos flexíveis, que permitem ao estudante trilhar seu caminho formativo e escolher as experiências que deseja vivenciar ao longo de sua carreira acadêmica.
Outra novidade é a forma multidisciplinar com que os novos currículos estão estruturados. Por meio de diferentes percursos de formação, em que cursos de áreas afins (como saúde, licenciaturas, engenharias, entre outras) dialogam entre si, o estudante se prepara para a realidade do mundo do mercado, o qual exige, cada vez mais, a articulação entre as carreiras.
O caráter híbrido dos currículos, por fim, diz respeito à presença das tecnologias de informação e comunicação no processo de ensino-aprendizagem. Essas técnicas, combinadas com as normas de segurança na saúde para o combate ao novo coronavírus, resultaram na incorporação de aulas on-line, combinadas com práticas presenciais.
As mudanças na prática
Para o vice-reitor, Casagranda, os novos currículos estão sendo bem acolhidos, tanto pelos professores, como pelos graduandos. No caso da estudante Laura Paggiarin Skonieski, 7º nível do curso de Medicina, as inovações foram um aliado na sua experiência.
– No último ano foi criado o Centro de Simulação Realística, que trouxe para o curso de Medicina aprendizados únicos. Aprendemos, por exemplo, a realizar partos em uma boneca que simula todos os passos do parto mesmo - ela tem contrações, faz força para empurrar o bebê, tudo como na vida real – afirma.
O Centro de Simulação Realística da UPF, inaugurado em meados de 2020, conta com ambientes semelhantes aos que são utilizados em universidades internacionais para simular cenários clínicos e situações pelas quais os estudantes terão de enfrentar durante sua carreira profissional. Para ser o mais fiel possível à realidade, o Centro é constituído por equipamentos, materiais, tecnologias digitais e espaços de alta fidelidade em treinamentos realísticos.
Com a infraestrutura, laboratórios, diferentes espaços e recursos inovadores à disposição, Laura acredita que suas experiências na fase de residência médica serão facilitadas, tanto para ela, como para os pacientes. Por meio destes protótipos de alta realidade, os acadêmicos também vivenciam, na sala de aula, as práticas clínicas que são de difícil acesso no hospital.
Soma-se a este movimento a rede de inovação Conecta UPF, que congrega diferentes setores, o Centro Tecnológico de Engenharia Ambiental, Civil e Arquitetura e Urbanismo, espaço utilizado para aulas práticas, realização de ensaios em diversas áreas da construção civil, o Centro de Pesquisa e Extensão Agropecuária, entre muitos outros ambientes criados para impulsionar a inovação em suas diferentes áreas. Paralelamente, está o incentivo às vivências ampliadas na formação acadêmica, viabilizada na instituição pelos convênios para intercâmbio, entre outras ações.
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Cursos de Odontologia, Enfermagem, Agronomia e Medicina Veterinária ganham novos turnos
A reformulação curricular já faz parte de toda a matriz de cursos ofertados pela graduação da UPF em 2021. No entanto, as graduações em Odontologia, Enfermagem, Agronomia e Medicina Veterinária também receberam uma ampliação em suas opções de turno e podem ser cursadas na opção noturna.
A mudança veio da observação de que, ao longo dos últimos anos, o número de estudantes que precisa trabalhar durante seu trajeto acadêmico cresce gradativamente. Esta tendência, atualmente, impacta o congelamento de matrículas, ou mesmo, na desistência de diversos acadêmicos.
Na opinião de Nathália Giareta Serena, estudante do 1º nível de Enfermagem, mesmo que não haja a urgente necessidade de trocar seus estudos para a noite, ter a opção já facilita a conciliação dos estudos com outros aspectos de sua vida. Uma das facilidades está em adiantar diversas matérias.
– Tanto os turnos, quanto as modalidades, ao meu ver, são puro ganho. Conseguimos aprender melhor a teoria e aplicá-la de forma mais assertiva, além de ter contato com outros níveis, outros cursos e ir nos moldando para a equipe multiprofissional que é exigida no mercado de trabalho – conta Nathália.
O curso também prevê aulas teóricas e práticas nos diferentes cenários de atuação do enfermeiro através do Centro de Simulação Realística e laboratórios específicos. Desde os primeiros níveis do curso, o acadêmico conta com uma iniciativa interministerial na ampliação do ensino-serviço, o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde).
A forma de ensinar mudou. Saiba mais sobre o SENSE UPF e suas oportunidades