O investimento de R$ 3 bilhões na construção do que seria a fase 1 do plano estratégico para viabilizar o primeiro distrito industrial de armazenagem e processamento de dados, em Eldorado do Sul — o "Scala AI City" —, tem potencial, conforme destacou o governador Eduardo Leite na manhã desta quarta-feira (11), para inserir o Estado nos trilhos da nova economia mundial.
Isso acontece porque mais do que um data center com capacidade para 54 megawatts — sete vezes maior do que a atual capacidade de processamento de dados do Estado — os planos da empresa Scala, envolvem movimentos que vão desde a conectividade o com o maior mercado consumidor de dados do planeta, os Estados Unidos, até novos projetos de energia renovável capazes de atender a demanda crescente por soluções que atendam à Inteligência Artificial (IA), a transição energética e as criptomoedas.
Foco na inteligência artificial e nas criptomoedas
- A indústria de data center vende para os clientes a disponibilidade, a segurança e a capacidade operacional para que a cloud (nuvem), a inteligência artificial, os computadores funcionem de maneira ininterrupta.
- O data center nada mais é do que uma construção feita e projetada com robustez ímpar para suportar o funcionamento de recursos computacionais que operam dentro dela, ou seja, servidores, armazenamento de dados, internet, nuvem, e outros.
- Em cima dessas plataformas, funcionam as operadoras de nuvem que oferecem serviços para empresas, cidadãos e, agora, inteligência artificial. E são usados em escala na saúde, educação, sistema financeiro, telecomunicações, conectividade, rede social, videoconferências, entre outros.
Demanda por energia
- O tipo de data center operado pela Scala consome tanta energia que já não se mede sua capacidade em espaço ou em quantidade de computadores, mas sim, em demanda de energia elétrica.
- De acordo com projeções da Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo associado a essa nova economia no Brasil e na América Latina saltará, até 2029, de 1 GW (Gigawatt) para 5 GW.
- Além da capacidade de processamento, os data centers também consomem energia em sistemas de refrigeração, dado o calor que é dissipado pelas máquinas.
- Nos data centers direcionados à IA, devido a uma demanda maior por processamento, são exigidos sistemas ainda mais robustos de refrigeração, que sequer existiam até 2022.
- A mesma lógica é válida para o aumento da demanda que vem das criptomoedas, uma vez que os banco centrais — inclusive o do Brasil, com o Drex — deverão povoar um mercado hoje liderado pelo Bitcoin.
- Para atender à demanda latente e diretamente ligada a essa transformação econômica, a densidade exigida para os data centers saltará da faixa de 10 kilowatts por rack (servidores de armazenamento), ou o equivalente a sete secadores de cabelo ligados simultaneamente na tomada, para 150 kilowatts por rack.
Importância da energia renovável
Enquanto os Estados Unidos, os maiores consumidores da indústria de data center mundial, têm 77% da sua matriz energética formada por energias não renováveis, no Brasil este percentual é de apenas 11%.
A Scala tem por princípio, desde a criação, só consolidar investimentos onde haja a disponibilidade de fontes renováveis.
Esse é o caso do RS, que além das fontes renováveis oferece capacidade de transmissão, já pronta no Estado, e com disponibilidade de 1,7 GW a ser inserido na rede e usado nas futuras operações.
Conforme destaca o CEO da Scala, Marcos Peigo, a região norte-americana da Northern Virginia, que concentra a maior parte dessas operações, tem carência de oito anos para novos projetos de data centers, em razão da indisponibilidade de geração de energia.
Significa, segundo Peigo, que, caso resolvesse fazer esse investimento não aqui no RS, mas nos Estados Unidos, ficaria oito anos na fila para conseguir a conexão com o sistema elétrico.