Após dois meses seguidos amargando fechamento de vagas, o mercado de trabalho formal começa a mostrar sinais de recuperação no Rio Grande do Sul. Em julho, o Estado abriu 6.690 postos com carteira assinada, segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgados na tarde desta quarta-feira (28).
Em julho do ano passado, o Estado fechou 2.054 vagas. Mesmo no azul no sétimo mês de 2024, o saldo positivo de julho está longe dos 30.574 postos com carteira assinada fechados no acumulado de maio e junho. No ano, o Estado acumula saldo positivo de 45.329 vagas.
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou que o desempenho do Rio Grande do Sul ocorre na esteira dos investimentos realizados pelo governo federal e do aquecimento da economia nacional:
— É uma surpresa muito positiva desse processo e o ministro (Fernando) Haddad pode ter razão. Isso acontece pelos investimentos no Rio Grande do Sul, mas também pelo resultado da economia como um todo. O Rio Grande do Sul não está isolado do mundo. Então, quando teve problema lá, teve impacto em empresa de São Paulo, no setor automotivo. Então, uma coisa arrasta a outra e creio que ele tem razão em dizer que vamos enxergar com mais otimismo o PIB.
Lisiane Fonseca da Silva, economista que atua na área do mercado de trabalho e professora da Universidade Feevale, afirma que o resultado positivo de julho ocorre em um cenário onde a reconstrução do Estado ativa a necessidade de mão de obra em áreas específicas:
— O Rio Grande do Sul está retomando os empregos agora porque a gente precisa reconstruir muita coisa. Então, essa questão da retomada da economia do Estado acaba movimentando e gerando esses postos de trabalho.
A professora da Feevale afirma que ainda é cedo para avaliar o peso do resultado de julho dentro da recuperação do emprego no Estado. Ela destaca que é necessário observar o ritmo desse movimento nos próximos meses para ter uma análise mais clara.
Setores
Olhando o resultado do Estado pelos cinco grandes setores apresentados no Caged, serviços, construção, comércio e indústria ficaram no azul. Apenas a agropecuária fechou vagas em julho.
Lisiane afirma que a necessidade de reconstrução de áreas e imóveis afetados pela inundação explica o fato de alguns ramos de serviços e de construção liderarem a geração de vagas neste momento.
O economista-chefe Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, afirma que as áreas de TI e de telecomunicações ajudaram o setor de serviços na empregabilidade em julho. No entanto, Frank avalia que a recuperação da mão de obra no Estado ainda é lenta:
— O que talvez ajude a explicar isso é o fato de que muitos setores vêm enfrentando dificuldades ainda, principalmente no ramo dos serviços. O setor de serviços parece ter enfrentado um nível de dificuldade relativamente ainda maior em comparação com os outros e é o setor que mais emprega na economia.
O economista afirma que o cenário do mercado de trabalho no Estado nos próximos meses depende de como a ajuda pública prometida vai chegar ao Estado. O ritmo e as entregas em áreas importantes, como o crédito, vão ditar a velocidade da recuperação de postos, segundo Frank.
País
No país, o mercado de trabalho formal apresentou saldo 188.021 postos de trabalho em julho. Em 12 meses, de agosto de 2023 a julho de 2024, foram gerados no país um total de 1.776.677 empregos.
Os dados do Novo Caged mostram que o emprego formal foi positivo no sétimo mês do ano em todos os Estados, com exceção do Espírito Santo. O setor de serviços gerou 79.167 postos, seguido da indústria, com 49.471 postos.