A inflação voltou a desacelerar no país. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o terceiro mês do ano com alta de 0,16%. O resultado apresenta perda de ritmo ante fevereiro, quando ficou em 0,83%. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta quarta-feira (10).
O segmento de alimentação e bebidas apresentou a maior alta entre os nove grupos que fazem parte do IPCA, com avanço de 0,53% em março. Esse grupo também foi responsável pelo maior impacto (0,11 ponto percentual) no índice. Mesmo assim, o ramo de alimentos apresentou movimento abaixo do observado em fevereiro (0,95%).
O economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), afirma que os preços dos alimentos apresentou menos pressão em março diante do descolamento dos efeitos sazonais de fim de safra. Isso permitiu altas em um ritmo menor, segundo o especialista:
— A alimentação realmente desacelerou em comparação a fevereiro, como a gente imaginava, principalmente pelas mãos dos alimentos in natura. Eles continuam subindo de preço, mas aumentaram num ritmo menor e isso já garantiu a desaceleração da inflação.
Braz afirma que o índice de difusão, que mostra o porcentual de itens com aumento de preços, apresentou recuo no recorte que exclui os alimentos da conta. Isso é importante porque mostra cenário com menos pressão inflacionária.
O economista diz que a inflação pode voltar a acelerar no país em abril diante dos reajustes nos preços dos medicamentos, de eventual impacto do aumento do preço do petróleo nos combustíveis e do retorno da pressão dos alimentos.
Na outra ponta, transportes (-0,33) anotou a maior queda, freando crescimento mais robusto na média de preços. O IBGE informa que esse movimento é influenciado pelo recuo nos preços da passagem aérea (-9,14%) e desaceleração da gasolina (0,21%), que apresentou o maior impacto individual no IPCA de fevereiro e teve uma alta menor em março. A ausência do efeito sazonal dos reajustes de preços na educação também ajudam a explicar o pé no freio no IPCA em março, segundo a entidade:
“Essa desaceleração na inflação também é explicada pelo fato de que, em fevereiro, os preços da Educação tiveram alta significativa por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo, o que não aconteceu em março”, informou o gerente da pesquisa, André Almeida, em comunicado, citando o grupo que saiu de alta de 4,98% para 0,14%.
Acumulados
A inflação oficial do país soma alta de 1,42% no ano. Já no acumulado em 12 meses, o IPCA está em 3,93%. Nesse recorte anual, o índice também mostra desaceleração ante o volume apresentado em fevereiro (4,5%). A meta de inflação para 2024 é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Portanto, se fechar o ano em até 4,5% será considerada cumprida.