Interrompendo sequência de três meses seguidos no vermelho, a indústria do Rio Grande do Sul voltou a apresentar resultado positivo. Em agosto, a produção física do setor avançou 4,3% ante julho. Essa é a segunda maior alta do segmento no ano, perdendo apenas para março, quando cresceu 6,1%. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (10).
Entre os 18 locais pesquisados pelo IBGE, o Estado apresentou a terceira maior alta em agosto, ficando atrás apenas de Amazonas (11,5%) e Espírito Santo (5,2%). Na nota do IBGE, o analista da pesquisa, Bernardo Almeida, afirma que o bom desempenho da indústria gaúcha no oitavo mês do ano é explicado em parte pelo resultado do setor automotivo.
"Na indústria gaúcha, o crescimento se deve aos setores de veículos e de derivados de petróleo. Assim como ocorreu em São Paulo, o segmento de veículos apresenta um movimento compensatório, uma vez que houve queda no mês anterior. É um movimento estratégico dentro da própria atividade para equilibrar a oferta e a demanda", avaliou Almeida.
No âmbito do setor de derivados de petróleo, o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Giovani Baggio, cita a parada na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, no início do ano:
— Teve um efeito muito forte da parada para manutenção da Refap. Agora, estão, digamos, repondo aquilo que não produziram no início do ano.
Analisando o setor como um todo em agosto, Baggio afirma que a indústria passa por acomodação após sequência de quedas, movimento que pode sinalizar ensaio para retomada, de acordo com o especialista.
Acumulado do ano
Mesmo com o resultado positivo em agosto, o setor segue em queda nos acumulados. No ano, a produção registra queda de 5%. Em 12 meses, a retração é de 3,5%.
No acumulado de janeiro a agosto, produtos de metal, derivados de petróleo e metalurgia são os segmentos que puxam o setor para baixo. O economista-chefe da Fiergs afirma que, no âmbito do petróleo, a parada da Refap explica a queda. Em produtos de metal, retração em grupos como armas e construção civil explicam o movimento. Já na metalurgia, a própria falta de tração da indústria, de modo geral, afeta essa cadeia, diante da baixa demanda.
Futuro
O pesquisador do IBGE Bernardo Almeida afirma que é difícil estimar se esse comportamento seguirá nos próximos meses. Ele reforça que o setor passa por uma conjuntura marcada por juro ainda elevado, que reduz linhas de crédito e afeta a tomada de decisões dos produtores e a cadeia como um todo.
O economista-chefe da Fiergs, Giovani Baggio, estima estabilidade do setor nos próximos meses. No entanto, destaca o fato de o emprego estar desacelerando em ritmo menor ante outros indicadores industriais. Isso seria reflexo da dificuldade para conseguir mão de obra qualificada e de certo otimismo dos empresários, mesmo que moderado, para um futuro próximo, segundo Baggio.