Promessa feita pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, assim que assumiu o cargo, o fim do saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) está na fase final de avaliação no governo e deve ter uma proposta enviada ao Congresso em agosto, após o recesso parlamentar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Marinho afirma que o projeto já tramitou tecnicamente, mas ainda está em fase final de conclusão.
— Deve ser em agosto, é o momento em que deve ficar pronto — declarou.
O saque-aniversário foi criado por lei em 2019, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e permite que o trabalhador opte por desembolsos anuais, sempre no mês de seu aniversário. Entretanto, quando é demitido, o trabalhador não tem direito de acessar o saldo integral do fundo e apenas recebe a multa rescisória.
No início deste ano, segundo dados do FGTS, 28,6 milhões de trabalhadores haviam aderido à modalidade, e as retiradas somaram R$ 33 bilhões. Quem faz a opção pode ainda contratar crédito no mercado tendo como garantia a antecipação dos saques. Foram R$ 20 bilhões antecipados em forma de crédito.
Preservação de recursos
Titular em pasta que foi recriada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após extinção promovida pelo antecessor no Planalto, Marinho afirma ser crítico da modalidade por ela não permitir o acesso aos recursos remanescentes no fundo em caso de desemprego.
— É uma sacanagem. O cara é demitido e não pode sacar o saldo do FGTS. Vamos mandar um projeto de lei corrigindo essa distorção. O fundo é de quem? Não é do trabalhador? Deve ser usado como socorro em caso de desemprego. Foi uma criação equivocada do governo Bolsonaro — pontua.
Apesar do indicativo sobre prazo feito pelo ministro, segundo técnicos que acompanham a discussão na equipe econômica, há questões ainda a serem resolvidas.
A preocupação é preservar os recursos depositados no FGTS, hoje usados no financiamento de projetos de infraestrutura, como habitação e saneamento. O debate interno busca avaliar o impacto decorrente da mudança.
No conselho do FGTS, comitê que faz a gestão do fundo e é composto por representantes das centrais sindicais e de entidades empresariais, o diagnóstico é o de que há muitas reclamações dos trabalhadores em relação a esta modalidade. No entanto, a percepção é de que ela permitiu uma "fuga expressiva" de recursos nos últimos anos.