A taxa de desocupação no Brasil ficou em 8% no trimestre encerrado em junho, de acordo com os dados mensais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados na manhã desta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da menor taxa para um trimestre móvel encerrado em junho desde 2014.
Em igual período de 2022, o desemprego medido pela Pnad Contínua estava em 9,3%. No trimestre móvel até maio, a taxa de desocupação estava em 8,3%, enquanto de janeiro a março foi de 8,8%.
No segundo trimestre de 2023, conforme o IBGE, havia cerca de 8,6 milhões de pessoas desocupadas no país, uma queda de 8,3% em relação ao trimestre anterior e de 14,2% se comparado a igual período de 2022. O número de pessoas ocupadas, por sua vez, foi de 98,9 milhões — aumento de 1,1% na comparação trimestral e de 0,7% na anual.
Já a renda média real do trabalhador foi de R$ 2.921 no trimestre encerrado em junho. O resultado representa alta de 6,2% em relação ao mesmo trimestre de 2022.
Cresce população ocupada
De acordo com a pesquisa, o país registrou abertura de 1,085 milhão de vagas no mercado de trabalho em apenas um trimestre. A população ocupada ficou em 98,91 milhões de pessoas no trimestre encerrado em junho. Em um ano, esse contingente aumentou em 641 mil pessoas.
Já a população desocupada diminuiu em 785 mil pessoas em um trimestre, totalizando 8,65 milhões de desempregados no trimestre até junho. Em um ano, 1,43 milhão de pessoas deixaram o desemprego.
A população inativa somou 67,05 milhões de pessoas no trimestre encerrado em junho, 79 mil inativos a mais que no trimestre anterior. Em um ano, houve aumento de 2,33 milhões de pessoas.
O nível da ocupação — percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar — passou de 56,40% no trimestre encerrado em maio para 56,60% no trimestre até junho. No período terminado em junho de 2022, o nível da ocupação era de 56,80%.
Falta trabalho para 20,35 milhões de pessoas, diz IBGE
No trimestre terminado em junho, faltou trabalho para 20,35 milhões de pessoas no país. A taxa composta de subutilização da força de trabalho desceu de 18,90% no trimestre até março para 17,80% no trimestre até junho. O indicador inclui a taxa de desocupação, a taxa de subocupação por insuficiência de horas e a taxa da força de trabalho potencial, pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponíveis para trabalhar. No trimestre até junho de 2022, a taxa de subutilização da força de trabalho estava em 21,20%.
A população subutilizada subiu 2,40% ante o trimestre até março, 120 mil pessoas a mais. Em relação ao trimestre até junho de 2022, houve um recuo de 21,90%, menos 1,436 milhão de pessoas.
3,7 milhões de desalentados
O Brasil registrou 3,7 milhões de pessoas em situação de desalento no trimestre encerrado em junho. O resultado significa 199 mil desalentados a menos em relação ao trimestre encerrado em março, um recuo de 5,10%. Em um ano, 593 mil pessoas deixaram a situação de desalento, baixa de 13,90%.
A população desalentada é definida como aquela que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade — e que, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga. Os desalentados fazem parte da força de trabalho potencial.
Apenas Administração Pública se destaca
A maior parte dos 10 grupos de atividades monitorados pelo IBGE mostrou estabilidade no número de empregos, disse nesta sexta-feira a coordenadora de pesquisas domiciliares da instituição, Adriana Beringuy.
Segundo a técnica, o único destaque na geração de empregos no trimestre terminado em junho foi o grupo Administração Pública, Saúde e Educação, cujo número de empregos subiu 4,2% ante os três meses até março, o equivalente a mais 716 mil vagas. Com isso, o grupo fechou o segundo trimestre com 17,88 milhões de pessoas empregadas. Ante um ano atrás, o crescimento foi de 4,6% ou mais 793 mil empregos.
— Essa alta de empregos da área segue um padrão sazonal de retomada de vagas após dispensa de temporários no início do ano. Os principais vetores dentro desse grupo foram as atividades de Saúde e Educação — relatou.
Ela destacou o "contingente expressivo" de contratados temporariamente no setor público, sobretudo nas áreas de educação e saúde de prefeituras, que cai no início do ano e se recompõe nos trimestres seguintes.
Depois, a atividade que mais gerou empregos proporcionalmente, mas ainda assim ficou dentro da estabilidade, foram os serviços domésticos, com avanço de 2,4% ou 136 mil vagas em junho ante março, o que levou o contingente empregado para 5,87 milhões. Com relação ao mesmo período do ano passado, porém, serviços domésticos tiveram ligeira queda de 0,3%, o equivalente a menos 20 mil vagas.
Entre as demais atividades, três oscilaram levemente para baixo, enquanto outras cinco oscilaram para cima.
Entre as que viram expansão no número de postos de trabalho ante o primeiro trimestre, figuram Agricultura, com alta de 0,7% para um total de 8,3 milhões; Indústria, com alta de 0,9% para 12,7 milhões; Alojamento e Alimentação, com alta de 1,9% para 5,5 milhões; Informação e Comunicação, com avanço de 0,1% para um total de 12 milhões; e "Outros serviços", que avançou 1,6% na margem para 5,2 milhões de empregados.
As atividades que perderam postos de trabalho no segundo trimestre, foram: Construção, com recuo de 0,2%, perda de 11 mil vagas para um total de 7,1 milhões; Comércio, com retração de 0,5% ou menos 85 mil vagas para um novo total de 18,8 milhões; e Transporte, com recuo de 0,7% ou 36 mil vagas para 5,3 milhões.