O comércio varejista ganhou um pouco de fôlego no Rio Grande do Sul em março. O volume de vendas do varejo gaúcho cresceu 1,6% ante fevereiro e anotou o terceiro mês seguido de alta. O avanço é acima da média nacional, que ficou em 1% no mesmo período. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta terça-feira (10).
Esse é o maior avanço do setor na pesquisa neste ano e mostra uma escalada em relação aos meses de fevereiro e janeiro no Estado, segundo dados com ajuste sazonal. Na comparação com março de 2021, o comércio cresceu 10,9%. No acumulado no ano, a variação é de 8,3%.
A economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo, afirma que o avanço ocorre em nível acima do esperado. A melhora no mercado de trabalho, mesmo em um cenário sem aumento de massa salarial real, é um dos fatores que contribuem para a ligeira melhora no setor, segundo a economista. Isso ocorre porque um cenário com mais pessoas com renda cria mais consumidores. No entanto, Patrícia destaca que o resultado poderia ser maior em uma dinâmica com menos pressão de preços no varejo:
— Esse resultado poderia ser mais positivo se não fosse a inflação e os juros altos. Estamos em uma melhora, que era esperada, mas que não resolve tudo. O varejo, especialmente alguns segmentos, tiveram perdas muito relevantes nesse período de pandemia.
Em relação ao salto na comparação com março de 2021, a economista-chefe da Fecomércio-RS explica que esse movimento ocorre diante de uma base muito fraca. Nos primeiros meses do ano passado, o comércio enfrentou aperto nas restrições de atividades em razão do avanço da pandemia. Patrícia destaca que os repasses do Auxílio Brasil e a nova rodada de saque emergencial do FGTS são alguns pontos que podem auxiliar o comércio no curto prazo.
— Essas ferramentas estão ajudando e vão continuar ajudando a dar um gás no comércio, mas vale lembrar que ainda tem muito espaço para recuperar de períodos anteriores — pontua.
Movimento não era registrado desde 2020 no Brasil
No país, o volume de vendas do comércio varejista cresceu 1% em março, apresentando o terceiro mês seguido de alta. O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, avalia que a terceira alta consecutiva no volume de vendas do setor chama a atenção, pois esse movimento não era registrado desde 2020, quando o setor engatou cinco meses consecutivos de variação positiva de maio a outubro.
— A trajetória vinha sendo claudicante, irregular. Esses três meses de alta significam um trimestre forte, embora os crescimentos ainda não sejam homogêneos entre todas as atividades — afirma o gerente da pesquisa.