A Fecomércio-RS, entidade que representa o setor de comércio e de serviços no Rio Grande do Sul, estima crescimento lento e situação ainda desafiadora em 2022. A projeção foi apresentada nesta quinta-feira (2), durante coletiva de fim de ano, evento que também abriu as portas da nova casa da entidade em Porto Alegre.
Para o presidente da federação, Luiz Carlos Bohn, além da elevação de preços que persiste, o cenário eleitoral é um dos fatores que deve seguir influenciando o desempenho da atividade no próximo ano.
Em campo ainda pessimista, conforme classificou o economista Marcelo Portugal, assessor econômico da federação, a economia brasileira deve ter alta de apenas 0,9% em 2022.
Um dos motivos para a baixa projeção é a desorganização produtiva gerada pela pandemia, tendo como reflexo o desabastecimento. Um quinto das empresas brasileiras, segundo Portugal, está com dificuldade de crescer, inclusive com falta de peças e implementos.
Para a inflação, a previsão é de 5,1% até o fim do ano que vem, ou seja, estourando a meta. Há uma desvalorização cambial que continua e que deve se manter nos próximos meses, sendo esse um dos vetores que mantêm a inflação elevada.
A instabilidade tende a diminuir ao longo do próximo ano. A queda da inflação só se intensifica no último trimestre de 2022. O IPCA deve continuar acima de 10% pelo menos até abril, supondo arrefecimento da bandeira tarifária de energia com melhora da condição hídrica.
Para o Rio Grande do Sul, a projeção de crescimento é um pouco melhor, de 1,4%. A explicação de melhor desempenho frente ao nacional vem do câmbio, já que o Rio Grande do Sul é um Estado que "gosta de dólar alto", atribui o economista da Fecomércio.
– A explicação é simples porque, em termos percentuais de PIB, o Rio Grande do Sul é um Estado que exporta muito, o que tem um efeito positivo pelo dólar. Água (ausência de estiagem) e dólar alto ajudam o RS – disse Portugal.
A Fecomércio-RS também projeta para 2022 crescimento de 1,4% nas vendas do comércio e de 1,7% nos serviços.
– Teremos uma situação ainda desafiadora para as vendas e um pouco menos difícil para os serviços, que tendem a ter um pouco mais de margem para se recuperar – resume Portugal.
Casa nova
A coletiva de fim de ano foi o primeiro evento à imprensa realizado na nova sede da Fecomércio-RS. A mudança para o imponente imóvel no bairro Anchieta, na zona norte de Porto Alegre, começou em julho deste ano.
Batizada de Casa do Comércio no Rio Grande do Sul, a obra começou em 2016. O prédio possui uma torre administrativa de nove andares, auditório com capacidade para mil pessoas, centro de convivência, restaurantes e estacionamento. A estrutura ainda abriga uma miniusina fotovoltaica, que entre outros quesitos garantiu certificado de construção sustentável ao empreendimento.
O presidente da Fecomércio saudou a realização da tradicional coletiva de fim de ano da entidade em formato presencial, o que não ocorria desde 2019 devido à pandemia.