Com impacto dos combustíveis, a inflação voltou a ganhar força na região metropolitana de Porto Alegre. Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve variação de 0,95%. Em fevereiro, havia sido de 0,86%. Com o novo resultado, o IPCA acelerou para 6,36% no acumulado de 12 meses. O índice é conhecido como a inflação oficial do país.
Na prática, o resultado da Grande Porto Alegre acompanha o quadro nacional. Em março, o IPCA registrou variação de 0,93% no Brasil, acima da taxa de fevereiro (0,86%). Trata-se da maior marca para o terceiro mês do ano desde 2015.
O índice acumula avanço de 6,10% em 12 meses no país. Ou seja, está acima da meta perseguida pelo Banco Central (BC). O centro da meta para este ano é de 3,75%, podendo variar entre 2,25% e 5,25%.
A alta de preços deve provocar novos aumentos na taxa básica de juro — a Selic é o principal instrumento do BC para tentar conter a inflação. Em março, a instituição já havia elevado a taxa em 0,75 ponto percentual, para 2,75% ao ano.
Avanços por grupos
Dos nove grupos que integram a pesquisa do IBGE, seis tiveram variação positiva na Grande Porto Alegre em março. A maior foi a de transportes: 3,51%. Esse grupo respondeu por 0,72 ponto percentual do resultado no mês.
A alta de transportes reflete o aumento dos combustíveis, que subiram 11,38%. Somente a gasolina avançou 11,54%.
Os combustíveis ficaram mais caros com a recuperação do petróleo no mercado internacional e o dólar em nível alto. Ao definir os preços nas refinarias, a Petrobras avalia esses aspectos.
— O efeito não ocorre apenas na bomba do posto, quando o consumidor abastece o carro. A alta de combustíveis tem desdobramentos em toda a cadeia econômica. É preocupante do ponto de vista das empresas que estão em situação delicada para reter custos — observa o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank.
Na Grande Porto Alegre, habitação (1,21%) registrou a segunda maior marca entre os grupos, seguida por artigos de residência (0,71%). Na outra ponta, educação teve a maior variação negativa, de 0,24%.
— Há uma preocupação com a inflação maior neste ano. Naturalmente, dificulta as coisas para 2022 — pontua Frank.
IPCA versus INPC
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980. Reflete o comportamento dos preços de bens e serviços para famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos.
O indicador oficial de inflação guarda diferenças metodológicas em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O INPC, por sua vez, espelha a realidade de famílias com renda menor, de um a cinco salários mínimos.
No país, o INPC teve variação de 0,86% em março e de 6,94% em 12 meses. Na Grande Porto Alegre, foi de 1,09% no mês passado e de 7,46% no acumulado.
O INPC costuma ser usado para reajustes do salário mínimo, além de aposentadorias e pensões do INSS.
Os números
Veja os dados referentes ao IPCA (em %)
Brasil
- Em março: +0,93
- Em 2021: +2,05
- Em 12 meses: +6,1
Grande Porto Alegre
- Em março: +0,95
- Em 2021: +2,06
- Em 12 meses: +6,36
Por grupos, na Região Metropolitana
Variação em março
- Transportes: +3,51
- Habitação: +1,21
- Artigos de residência: +0,71
- Vestuário: +0,36
- Despesas pessoais: +0,23
- Alimentação e bebidas: +0,09
- Comunicação: -0,04
- Saúde e cuidados pessoais: -0,22
- Educação: -0,24