A taxa de desemprego no Brasil ficou em 13,3% no trimestre encerrado em junho, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta quinta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em igual período de 2019, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 12%. No trimestre até maio de 2020, a taxa de desocupação estava em 12,9%. Segundo o IBGE, 8,9 milhões de brasileiros perderam o trabalho no período, a maior queda desde que a pesquisa começou a ser realizada no formato atual, em 2012.
Já a renda média real do trabalhador foi de R$ 2,5 mil no trimestre encerrado em junho. O resultado representa alta de 6,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 203,519 bilhões no trimestre até junho, queda de 4,4% ante igual período do ano anterior.
Desalento
Além de ter inflado a população inativa, a pandemia também mudou a resposta sobre o motivo de não estarem em busca de emprego. Quase 40% das pessoas que integravam a força de trabalho potencial no primeiro trimestre apontaram a falta de trabalho na localidade em que residiam como principal razão para não buscar uma vaga. No segundo trimestre, esse motivo foi mencionado por 30% dessa população, enquanto 36,7% entraram no quesito "Outro motivo", item até então inexpressivo entre todos os mencionados.
— Dentro desse outro motivo, o que predomina dentro dele são fatores ligados à pandemia. A pessoa alega que não está procurando trabalho por causa da quarentena da covid-19, porque tem medo de pegar a doença, porque o comércio está fechado por causa da pandemia, ah, sou do grupo de risco e posso pegar covid... Mas são motivos ligados ao ambiente da pandemia — explicou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
A força de trabalho potencial alcançou um recorde de 13,542 milhões de pessoas no trimestre até junho, superando pela primeira vez o total de desempregados, que foi de 12,791 milhões.
— Pela primeira vez tenho mais pessoas com potencial de pressionar o mercado de trabalho do que as pessoas que efetivamente estão pressionando — apontou a analista do IBGE.
O total de desalentados atingiu um ápice de 5,683 milhões, mas esse número poderia ter sido ainda maior, não fosse a metodologia da pesquisa. Pela regra atual, as pessoas que não buscaram uma vaga mas estavam aptas a trabalhar são consideradas desalentadas apenas se o motivo de não terem procurado emprego estiver ligado ao mercado de trabalho. O quesito "Outro motivo", que inclui os relacionados à pandemia, não é contabilizado no cálculo do desalento.
— O aumento no desalento poderia ser ainda maior se o motivo para não procura fosse recodificado como item de mercado. Com a recodifição desse processo, o desalento poderia explodir — afirmou Cimar Azeredo, diretor-adjunto de Pesquisas do IBGE.
Contribuição para a Previdência
A contribuição para a Previdência Social no país também ficou prejudicada. No primeiro semestre de 2020, a perda foi de 4,174 milhões de trabalhadores.
No primeiro trimestre, 970 mil trabalhadores ocupados já tinham deixado de contribuir para a Previdência Social. No segundo trimestre, essa perda foi de 3,204 milhões de trabalhadores contribuintes, para um total de 55,220 milhões.