Em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta segunda-feira (8), o diretor-superintendente do Sebrae-RS, André Vanoni de Godoy, falou sobre as dificuldades que micro e pequenas empresas enfrentam durante a crise do coronavírus. A principal delas são as condições para acessar o crédito disponibilizado pelo governo como socorro durante a pandemia. De acordo com ele, apenas no Rio Grande do Sul, cerca de 30% das empresas tiveram de fechar em razão da falta de caixa.
— O governo deve direcionar esforços de irrigação do mercado para as micro e pequenas empresas. A intenção é boa (linhas de crédito para as empresas impactadas pela queda da atividade econômica), mas padece de um vício de operar dentro do sistema financeiro tradicional, que é a lógica de ganhar dinheiro. O produto dos bancos é dinheiro, e dinheiro tem preço. Acabam emprestando para quem tem maior chance de honrar o empréstimo, o que não é o caso das pequenas empresas. Por isso, não têm conseguido o acesso — afirma.
Godoy contesta as exigências para o repasse de crédito para essas empresas. Restrições cadastrais e a alta taxa de juros são condições que, segundo ele, deveriam seguir lógicas diferenciadas, com baixo custo.
Ele ainda criticou a posição do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, que afirmou que o "negócio da Caixa era ganhar dinheiro". Segundo Godoy, cobrar a taxa de 17% ao ano dessas empresas, como a Caixa pretende, é algo "escandaloso", principalmente por se tratar de um banco público.
O diretor atenta para a possibilidade de haver uma crise ainda maior no país, em um cenário onde as pessoas terão de usar o recurso de seguro-desemprego para sobreviver — o que, segundo ele, prejudicaria ainda mais a atual situação econômica.
— Todas essas pessoas vão para o mercado atrás de renda e terão de usar o seguro-desemprego. É melhor dar o dinheiro do que pagar o seguro, pois esse programa se esgota no consumo da pessoa desempregada. Colocado na empresa, faz girar a roda, a economia segue girando, o dinheiro se multiplica.