A companhia aérea Avianca Holdings anunciou neste domingo (10) que formalizou um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos para "preservar e organizar os negócios". Em comunicado, a empresa cita os efeitos econômicos da pandemia de coronavírus no setor aéreo.
"Esse processo (de recuperação judicial) foi necessário devido ao impacto imprevisível da pandemia de covid-19, que provocou uma diminuição de 90% do tráfego mundial de passageiros e se espera que reduza as receitas da indústria em todo o mundo em US$ 314 bilhões", aponta o comunicado.
A companhia, que diz ser a segunda maior empresa aérea da América Latina (atrás da Latam), afirma que seguirá em operação durante o processo de reestruturação. A Avianca afirma ser responsável por 21 mil empregos diretos e indiretos no subcontinente, sendo 14 mil na Colômbia, onde é responsável por mais de 50% do mercado de aviação doméstico.
Agora, a empresa deverá apresentar um plano de recuperação judicial, que será submetido à aprovação dos credores, segundo a advogada Victoria Villela, do escritório Cascione:
— A Avianca apresentou a petição inicial a uma corte especializada. Se aceito o pedido, haverá um período em que a empresa não vai pagar as dívidas. O plano de recuperação precisa da aprovação dos credores.
Para Victoria, é provável que a Avianca, assim como demais grandes empresas do setor, recebam socorro de governos:
— Há negociações nesse sentido e a tendência é que os governos as socorram porque as aéreas, embora combalidas, prestam serviços essenciais que precisam voltar a funcionar após a pandemia.
O maior acionista da Avianca, com 51,53% do capital da empresa, é a BRW Aviation, holding dos irmãoes Efromovich, que também controlavam a Avianca Brasil. A aérea brasileira está fora de operação desde o ano passado.
O empresário Germán Efromovich, contudo, perdeu o controle da Avianca Internacional e o cargo de presidente do conselho de administração da empresa em maio de 2019 após deixar de pagar um empréstimo de US$ 456 milhões à americana United.
Germán é irmão de José Efromovich, que também era membro do conselho da aérea colombiana até maio presidia o da Avianca Brasil.
O empréstimo à Avianca foi feito pela United em novembro de 2018 no marco de um acordo da empresa com a BRW Aviation. Como garantia, o BRW ofereceu o direito de voto das ações ordinárias (com direito a voto) que possuía da Avianca.
Com o não pagamento do empréstimo, a United exerceu o direito de tomar as ações, embora a propriedade dos ativos ainda pertença aos Efromovich. A companhia americana repassou, então, o direito de voto a um acionista minoritário da Avianca, a Kingsland, que assumiu o controle da empresa colombiana.