Um levantamento da Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria (Cacism) aponta que pelo menos 3,7 mil pessoas foram demitidas em Santa Maria nos últimos 30 dias. Os dados foram obtidos com seis empresas especializadas em medicina do trabalho, que fazem exames demissionais. Uma delas registrou 1.650 exames para demissão de profissionais. Apesar do dado já ser preocupante, o presidente da entidade, Luiz Fernando Pacheco, estima que além das demissões oficiais, há outras que não passam pelo mesmo trâmite. Com isso, esse número pode ser muito maior.
— Isso é o oficial, a empresa que desliga o funcionário e encaminha ele para o exame. Mas tem muita empresa que simplesmente desliga o funcionário, acerta e dá tchau. Acredito que, infelizmente, esse número, por esse motivo, mais os informais, pode chegar a uns 5 mil — analisa o dirigente.
Pacheco destaca que o impacto para a cidade é muito grande, principalmente porque deve haver dificuldade na realocação desses profissionais.
— Quase 5 mil desempregados para uma cidade como Santa Maria é muita coisa. E o problema é esse período. Uma coisa é você ser desligado em um período de economia aquecida, tu consegues uma recolocação. É difícil, mas consegue. Mas, nesse período, vai ser extremamente mais difícil e, talvez, demorado — complementa.
Por outro lado, o presidente da Cacism diz que um alento é a retomada do comércio na cidade, que ocorreu no último sábado, mesmo que ainda com algumas restrições.
— É a primeira semana ainda. A empresa estando aberta ou fechada, não muda muito. O que você precisa é de público consumidor. Aberto ou fechado, se não tiver cliente, não adianta. O que vejo é um sentimento de esperança. O primeiro passo, que é a reabertura, foi dado. Agora, temos que caminhar com calma e esperança para que o público se sinta com confiança e volte a ter poder aquisitivo para voltar a consumir e aí sim, em médio prazo, voltarmos à normalidade — projeta.
No entanto, Pacheco ressalta que é preciso que os comerciantes e toda a população tenham muito cuidado nessa retomada, seguindo as orientações. Segundo ele, uma retomada desenfreada, sem os cuidados necessários, poderia levar a um aumento no número de caso e, consequentemente, ao fechamento do comércio novamente.
— A situação mais perigosa é em 15 dias termos um pico de infectados e termos de fechar tudo de novo, e sem previsão para reabrir. Aí seria o pior cenário possível. Nisso, temos a nossa parcela de contribuição, porque temos que cuidar as aglomerações, o uso da máscara, higienização das mãos, dos ambientes. Se tivermos esses cuidados, que dependem só de nós, evitamos esse possível fechamento ali na frente — conclui.
Crise econômica
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