SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Segundo analistas do mercado financeiro, o adiamento da votação do primeiro turno da reforma da Previdência no Senado é a principal causa da alta do dólar e queda da Bolsa brasileira desta terça-feira (24).
Às 14h44, a cotação da moeda americana subia 0,14%, a R$ 4,177. O Ibovespa recua 0,83%, a 103.766 pontos.
Pelo segundo dia seguido, o presidente da casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP) não seguiu o cronograma de apreciação da matéria. Agora, a votação foi remarcada para a próxima terça (1º).
O atraso da principal pauta econômica do mercado financeiro fez o dólar, que operava em queda, disparar por volta das 10h20. O pico entre as 10h38 e 10h40, com o dólar cotado a R$ 4,182.
A valorização do dólar veio antes do discurso de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) na Organização das Nações Unidas (ONU) que, de acordo com analistas, não teve impacto no mercado doméstico.
"Foi mais o adiamento da reforma da Previdência que pesou no mercado hoje. O mercado estava confortável com o andamento do projeto e este atraso nos deixou desconfortáveis", afirma Thomaz Fortes, gestor de fundos da Warren
A fala do presidente na ONU teve início às 10h40 da manhã e durou 32 minutos. Neste meio tempo, a moeda americana foi para R$ 4,175 às 11h12.
"O discurso não foi o ideal. Esperávamos ouvir mais sobre Amazônia e tratados comerciais e ele [Bolsonaro] ficou muito em uma agenda própria, que já estamos acostumados a ouvir aqui no Brasil, mas pode pegar mal com estrangeiros", diz Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
"Esse discurso foi pouco relevante para o mercado e não teve impacto. Bolsonaro não falou nada que ele não tenha dito antes", afirma George Wachsmann, economista da Vitreo.
Wachsmann lembra que a cotação do dólar já vinha pressionada há semanas, com uma valorização internacional da moeda americana e aversão a risco com guerra comercial entre China e Estados Unidos e desaceleração da economia global.
Tais fatores voltaram ao foco dos investidores com o discurso do presidente americano Donald Trump na ONU, logo em seguida de Bolsonaro. Com novas críticas à China e ao Irã, a fala de Trump derrubou mercados internacionais.
A piora do cenário externo levou o Ibovespa a cair 1%, em uma mínima durante o pregão desta terça de 103.503 pontos às 13h45.