Com cerca de 75% de participação das exportações de bebidas do setor de sucos, vinhos e espumantes do Estado, a Fante, de Flores da Cunha, vinha registrando crescimento no volume comercializado até a greve dos caminhoneiros, de 20% no mercado interno e 34% nas exportações. Mas no mês de maio, quando o aumento projetado era de 20% no volume de produção, a paralisação provocou queda de 10%.
A previsão para junho também não é nada animadora, por conta do aumento do custo logístico. Segundo o empresário Júlio Fante, o frete aumentou em média 50% dentro do Estado e, para outros mercados, como as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o gasto chegou a dobrar.
Agora o empresário está revendo toda a logística e buscando alternativas, como o transporte hidroviário e o aumento da frota própria. A intenção é acelerar o aumento de áreas de atendimento com cabotagem (envio de mercadorias por navio). Hoje, a fabricante de bebidas atende mais as áreas litorâneas e localidades com portos, como Manaus. O modal hidroviário representa cerca de um terço do que é transportado pela Fante, mas a intenção seria aumentar em 30% a utilização de navegação.
O outro caminho que vem sendo cogitado é a ampliação da frota própria, já que hoje a maior parte das mercadorias viaja com caminhões de transportadoras. Fante ressalta, no entanto, que são todas alternativas que dependem de uma construção de longo prazo, e a única solução para evitar perdas imediatas dependeria da tabela do frete.
— Prefiro acreditar que a tabela não se sustente, porque todos os outros setores estão sofrendo. Vivemos em um país de economia livre e a tabela destrói tudo que foi construído até agora. Tenho contrato com clientes fechados e a empresa não tem margem para absorver esse aumento —desabafa o empresário.
A Fante tem produção média de 34 milhões de garrafas por ano, sendo 15% exportado para o exterior. A fabricante de bebidas emprega 200 trabalhadores e envolve uma cadeia de 450 famílias produtoras de uva.