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O presidente Michel Temer afirmou, nesta segunda-feira (29), que vetará a transferência do controle da Embraer para a empresa norte-americana Boeing caso ela ocorra, conforme foi cogitado por dirigentes da empresa.
— Não vamos abrir mão do controle da Embraer — garantiu, em entrevista à Rádio Bandeirantes. Temer disse que é legítimo que a Boeing queira aumentar sua participação, mas não a ponto de ter o controle total da empresa.
Temer comparou a Embraer à Petrobras.
— A Embraer tem uma simbologia muito grande para o país, mais ou menos como a Petrobras — disse, sem descartar que uma parceria entre a Embraer e a Boeing seja realizada no futuro. O presidente também defendeu o controle majoritário nacional da estatal em entrevista publicada nesta segunda-feira no jornal Valor Econômico.
Cristiane Brasil
Questionado sobre a posse da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) como ministra do Trabalho, suspensa pelo STF, o presidente disse que, apesar de entender que se trata de um assunto de competência exclusiva do presidente da República, aguarda uma decisão definitiva da Justiça.
— Eu serei respeitoso com relação à independência e harmonia dos Poderes. Se, ao final, o Judiciário disser que não pode, muito bem, que assim seja. Mas como nós estamos litigando judicialmente e estamos dando argumentos (para reverter a decisão), eu me sinto à vontade para dizer que seria de bom tom se nós tivéssemos esta vitória, que não é do governo. É uma vitória do sistema jurídico, da harmonia dos Poderes — disse.
Lula
Sobre a situação política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pode ser impedido de se candidatar nas eleições deste ano em respeito à Lei da Ficha Limpa após condenação em segunda instância, Temer disse que preferiria que o petista não estivesse enfrentando problemas com a Justiça e pudesse disputar as eleições normalmente.
— Isso pacificaria o país — disse, acrescentado que a figura o ex-presidente é "muito carismática", e que Lula certamente exerce muita influência no país.
Defesa da honra e final de mandato
Temer também se defendeu das denúncias por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça apresentadas contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele disse que "tem muito apreço pelo Ministério Público", mas avaliou as acusações como irresponsáveis e reconheceu que os processos trouxeram prejuízos para alguns projetos, como o atraso da votação da reforma da Previdência.
Após essa votação e a aprovação de uma simplificação tributária, que o governo tem como prioridades em 2018, Temer afirmou que se dedicará à recuperação da sua honra, já que foi "desmoralizado por embates de natureza moral".
— Não vou admitir mais que se diga impunemente que o presidente é trambiqueiro, que fez falcatruas. Não vou permitir. Vou aproveitar esses seis meses (que restam de governo) depois de fazer as boas reformas para o país para recuperar meus aspectos morais. Aliás, os meus detratores estão na cadeia e quem não está na cadeia está desmoralizado porque foi desmascarado por fatos concretos. Ninguém está na cadeia à toa — afirmou.
O presidente disse que a movimentação do período eleitoral não tem atrapalhado a administração federal e afirmou que quer ser lembrado pelas ações positivas de seu governo.
— Como alguém que produziu um legado positivo para o Brasil. É desta maneira que quero ser lembrado — afirmou.