O presidente Michel Temer disse, nesta sexta-feira (22), que está descartada a venda do controle acionário da Embraer. Em um café da manhã com jornalistas, o presidente disse que é favorável à ampliação de parcerias com novas de empresas estrangeiras, como a Boeing, que já manifestou interesse. No entanto, afirmou que abrir mão do controle da estatal colocaria o país em risco.
— Não há a menor cogitação de transferir o controle para outra empresa. Lembrando que a "golden share" (poder de veto em mudança acionária na empresa) se deu exatamente no momento da privatização, para garantir ao governo federal esse controle — sustentou.
Presente no evento, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que as negociações são bem vindas e que a fusão de empresas do setor é uma tendência em nível mundial. No entanto, justificou que, estrategicamente, é imprescindível manter o controle da empresa com o governo.
— A Embraer, por ter um forte componente de Defesa, e por ser o coração de um cluster (conglomerado) em termos de inovação, tecnologia e conhecimento que são decisivos para um projeto nacional autônomo, a sua venda desserve à soberania do país — afirmou Jungmann.
Previdência
O presidente foi questionado sobre a expectativa em torno da votação da reforma da Previdência em fevereiro do ano que vem, já que não houve apoio para aprovação do projeto neste ano. Temer disse que está otimista e que o apoio ao texto aumenta a cada dia. Também projetou que a recuperação da economia seria prejudicada com a rejeição da matéria.
— A inflação está entrando sob controle, o juro sob controle, o que pode ocorrer é exatamente a queda deste controle que hoje existe. Seria péssimo para a economia., além do descrédito de natureza nacional e internacional — argumentou.
Temer não acredita que o apoio ao texto irá gerar desgaste aos parlamentares. Ele citou a votação de uma reforma da Previdência durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, em que, na condição de deputado, foi relator do tema.
— Eu fui relator da Previdência, e tinha sido eleito em 94 com 71 mil votos. Depois que eu fui relator, veio a eleição em 97 e eu fui eleito com 206 mil votos, porque as pessoas perceberam que a reforma não era um bicho papão — afirmou.
Eleições 2018
Questionado sobre a possibilidade de concorrer nas eleições de 2018, Temer disse que "concorre a fazer um bom governo". Afirmou que terá vantagem o candidato que apoiar as reformas de sua gestão, e evitou comentar uma possível aliança com o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, se ele se candidatar à Presidência.
Quero dizer que a nossa popularidade aumentou 100%, foi de 3% para 6%.
MICHEL TEMER
Presidente da República
– Nem sei se ele é candidato, você é candidato, Meirelles? – disse Temer, se dirigindo ao ministro, sentado à mesma mesa.
Com avaliação positiva em torno de 6%, segundo pesquisas de opinião, o presidente voltou a dizer que está usando sua impopularidade para levar as reformas adiante e que “a popularidade é uma jaula”. Entre risos, o presidente citou os baixos resultados nas avaliações.
– Quero dizer que a nossa popularidade aumentou 100%, foi de 3% para 6%, mas aumentar isso não é fácil – brincou, entre previsões de que os índices serão mais favoráveis no próximo ano.
Para Temer, boa parte da população apoia o governo, mas tem vergonha de dizer.
– Uma pesquisa que eu pedi, em caráter particular, revela que as pessoas têm vergonha em dizer, embora aprovem o governo. Elas têm um certo pudor, dizendo que o governo é corrupto, todo mundo é corrupto, a classe política – argumentou.
Sobre as eleições de 2018, Temer evitou citar candidatos nominalmente. Mas, de forma indireta, indicou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “é o único candidato que até hoje se opôs às reformas (realizadas pelo atual governo)”. Para o peemedebista, esta postura trará dificuldades no pleito.