O grupo CEEE é dividido em duas empresas: a CEEE-D, que cuida da distribuição, ou seja, é responsável por levar energia até o consumidor final, e a CEEE-GT, que tem a incumbência de gerar a eletricidade nas usinas e depois transportá-la por meio de linhas de transmissão. Embora distribua luz para cerca de um terço da população do Rio Grande do Sul (incluindo Porto Alegre, Litoral e regiões Metropolitana, Sul e Campanha), a CEEE-D tem a situação financeira mais problemática.
No segundo trimestre, a empresa registrou prejuízo de R$ 215 milhões. No semestre, ficou R$ 92 milhões no vermelho. O passivo da empresa é R$ 1,3 bilhão superior ao seu patrimônio. Em melhor situação, a CEEE-GT lucrou R$ 51,8 milhões entre abril e junho. Nos seis primeiros meses do ano, R$ 109 milhões.
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Diante dessa situação complicada, a CEEE-D corre o risco de ter o direito de vender energia retirado pela Aneel. A concessão é o único ativo valioso da empresa. A possibilidade de perda se deve a regras estabelecidas em 2015 pelo governo federal que condicionam a continuidade do direito ao equilíbrio financeiro das distribuidoras e índices mínimos de qualidade do serviço. Do ponto de vista financeiro, as empresas não podem fechar dois anos seguidos no vermelho em uma conta que inclui geração de caixa positiva (entre receitas e despesas operacionais), investimentos mínimos exigidos no contrato de concessão e pagamento dos juros da dívida.
Quanto vale a CEEE?
Ainda não está pronto um levantamento contratado pela companhia para avaliar seu valor. A intenção inicial era de que o trabalho fosse concluído neste mês.
Por enquanto, foi feito o cálculo apenas para as sociedades de propósito específico (SPEs) da CEEE-GT, como usinas e linhas de transmissão. Um dos problemas é o alto endividamento do grupo, de cerca de R$ 3 bilhões.
Sem consenso para solução
A CEEE-D, que tem o maior número de funcionários, é o foco de maior tensão. As correntes contrárias à privatização da empresa avaliam que a salvação da distribuidora estaria na CEEE-GT, com a vendas das SPEs. Assim, o dinheiro seria jogado na distribuidora.
A lógica de sacrificar a CEEE-GT para manter a CEEE-D seria manter a concessão. Ou seja, continuar com o direito de distribuir energia a um terço do Estado por mais 29 anos. Para o governo, no entanto, a manobra seria apenas um paliativo porque não resolveria os problemas estruturais da concessionária.